| Começa a ir ser dia, O céu negro começa,
 Numa menor negrura
 Da sua noite escura,
 A Ter uma cor fria
 Onde a negrura cessa.
 Um negro azul-cinzento
Emerge vagamente
 De  onde o oriente dorme
 Seu tardo sono informe,
 E há um frio sem vento
 Que se ouve e mal se sente.
 Mas eu, o mal-dormido,
Não sinto noite ou frio,
 Nem sinto vir o dia
 Da solidão vazia.
 Só sinto o indefinido
 Do coração vazio.
 Em vão o dia chega
Quem não dorme, a quem
 Não tem que ter razão
 Dentro do coração,
 Que quando vive nega
 E quando ama não tem.
 Em vão, em vão, e o céu 
Azula-se de verde
 Acinzentadamente.
 Que é isto que a minha alma sente ?
 Nem isto, não, nem eu,
 Na noite que se perde.
 
 |