| De quem é o olhar Que espreita por meus olhos ?
 Quando penso que vejo,
 Quem continua vendo
 Enquanto estou pensando ?
 Por que caminhos seguem,
 Não os meus tristes passos,
 Mas a realidade
 De eu ter passos comigo ?
 Às vezes, na penumbra 
Do meu quarto, quando eu
 Por mim próprio mesmo
 Em alma mal existo,
 Toma um outro sentido
Em mim o Universo -
 É uma nódoa esbatida
 De eu ser consciente sobre
 Minha idéia das coisas.
 Se acenderem as velas
E não houver apenas
 A vaga luz de fora   -
 Não sei que candeeiro
 Aceso onde na rua   -
 Terei foscos desejos
 De nunca haver mais nada
 No Universo e na Vida
 De que o obscuro momento
 Que é minha vida agora!
 Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
 Esquecer-se de ser,
 Espaço misterioso
 Entre espaços desertos
 Cujo sentido é nulo
 E sem ser nada a nada.
 E assim a hora passa
 Metafisicamente.
 
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