| Deixei de ser aquele que esperava, Isto é, deixei de ser quem nunca fui...
 Entre onda e onda a onda não se cava,
 E tudo, em ser conjunto, dura e flui.
 A seta treme, pois que, na ampla aljava,
O presente ao futuro cria e inclui.
 Se os mares erguem sua fúria brava
 É que a futura paz seu rastro obstrui.
 Tudo depende do que não existe.
Por isso meu ser mudo se converte
 Na própria semelhança, austero e triste.
 Nada me explica. Nada me pertence.
E sobre tudo a lua alheia verte
 A luz que tudo dissipa e nada vence.
 
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