Ricardo Reis
Pois que nada que dure, ou que, durando
 
Pois que nada que dure, ou que, durando, 
Valha, neste confuso mundo obramos, 
E o mesmo útil para nós perdemos 
Conosco, cedo, cedo. 

O prazer do momento anteponhamos 
À absurda cura do futuro, cuja 
Certeza única é o mal presente 
Com que o seu bem compramos. 

Amanhã não existe. Meu somente 
É o momento, eu só quem existe 
Neste instante, que pode o derradeiro 
Ser de quem finjo ser? 
 
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