Ricardo Reis
Olho
 
Olho os campos, Neera, 
Campos, campos, e sofro 
Já o frio da sombra 
Em que não terei olhos. 
A caveira ante-sinto 
Que serei não sentindo, 
Ou só quanto o que ignoro 
Me incógnito ministre. 
E menos ao instante 
Choro, que a mim futuro, 
Súbdito ausente e nulo 
Do universal destino. 

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