Francisco Manuel do Nascimento


Soneto

Já vem a primavera, desfraldando Pelos ares as roupas perfumadas, E os rios vão, nas águas jaspeadas, Os frondíferos troncos retratando; Vão-se as neves dos montes debruçando Em tortuosas serpes argentadas; Pelas veigas, o gado, alcatifadas, A esmeraldina felpa vai tosando. Riem-se os céus, revestem-se as campinas; E a natureza as melindrosas cores Esmera na pintura das boninas. Ah! Se assim como brotam novas flores, Se remoça todo o orbe... das ruínas Dos zelos renascessem meus amores!


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