Uma Peleja eletrônica:


 
O páreo:

1º Cantador: 
Novo-Poeta-neo-pós-moderno Amador Ribeiro Neto, paulista. 

2º Cantador
Antigo-old-Cantador-armorial Soares Feitosa, das brenhas do Ceará.


[Estes belíssimos poemas - veja amostra, abaixo,  de Amador Ribeiro Neto detonaram no nosso webmaster, SF, uma "peleja" eletrónica, uma Cantoria Nordestina:] 
 


1. metrópole judaica bom retiro
metrópole judaica bom retiro
bicho carne suína de pé do quarto crescente imundo
vida ordinária estentida no curtume são nova paulo iorque de cada internet
que vou te contar ô meu


 Veja mais poemas new-pós-modernos de Amador Ribeiro Neto
Veja agora a Cantoria do antigo-very-old-cantador Armorial, SF:


Caro novo-Poeta 
e antigo-e-permanente Crítico de Poesia,
distinto e prudente
Prof. Amador Ribeiro Neto:
 

         Amador, achei uma lindeza os seus poemas e o texto crítico, também. O texto crítico eu entendi; os poemas - você os chama e chama bem com um nome gozadíssimo — confesso-lhe que não entendi nada, mas os modernos dizem que quanto menos o populacho os entender, melhor. Deve ser isto, Amador — não entendi nadinha! Mas, que são bonitos, são!

         Quanto a publicá-los no JP, meu caro crítico e novo-poeta, peço-lhe que dê um tempinho. A coisa está funcionando assim: o JP quebrou. Quando aparece algum cirineu para ajudar, eu aproveito a viagem e boto mais um
pau-de-lenha no ombro do desgraçado, e ampliamos viagem. Os textos da fila de espera ficam esperando sempre um novo viajor disposto a viajar. 

         O pior, Amador, é que os cirineus são pouquíssimos, e alguns, quando lhes faço o mínimo gesto de adicionar um cipó de marmeleiro ao lenho, o camarada salta bem acolá: "Aqui, nao!, vá botar no Cão!" Única vantagem são os loucos mesmo, verbi gratia, Walter Cid, um pequeno comerciante de secos e molhados que está patrocinando — não se sabem as razões, a gente nunca as sabe, se alguma promessa mal dormida ou algum alucinógeno de meio dia — a publicação da obra completa da poeta Auta de Souza. No que aproveito, do lombo do Walter Cid, para acrescentar imensas maçarandubas, ipês, coivaras de pau-d'arco, algumas com os bichos da floresta assoviando e fazendo macaquices ou extraindo resina das juntas da árvore, ali, viva, pulsante, com raiz e tudo, no ombro do tal Walter. Walter, de cirineu verdadeiro, debaixo do imenso madeirame, cipoal e folharéu, diz que sim, qu'eu bote mais lenha! Ah, Amador, se não me fossem esses Walteres! 

         Porque a cruz banal, do dia a dia, esta, de crepe, de filó ou de isopor,
carrego-a eu mesmo, ampliando diariamente as páginas de Castro Alves, de Pessoa, de Gonçalves Dias, desses que já morreram. Velo por eles. 

         Aos vivos digo que esperem. Digo-lhes também, aos vivos, digo-lhes
nordestinamente, o máximo da nordestina esperança: "Comadre, um dia chove!" — cito-me a mim mesmo, de Psi, a Penúltima, SF. Por certo, um descaramento isto de citar-me a mim mesmo, mas cá pra nós, Amador: se vai chover? Claro que vai. 

         Aí, meu caro Amador, quando chover, prepare as canetas e muitos tinteiros, é você escrevendo e o JP divulgando! Porque depois deste profundo jejum, eu e você, do alto do monte quaresmal, diremos a Santanás [ele ali de juntinho, completamente enxovalhado] nós, já prestes a nos saciarmos no banquete da grande Ceia: "Vê, Compadre Demônio, a cidade que nos ofertaste em tentação, dizendo que era Tua, nunca foi Tua, é nossa! Vê, Cabra-véio, acenderam as luzes para nós, a Cidade jaz! Ouves os clarins? É a Cidade clamando contra Ti! Agora vem, Demônio, Te rolaremos ao pedregulho!" 

         E quando descermos, desceremos amparados à luz radiosa de um espelhinho desses de algibeira que Santo Antônio Conselheiro carrega no bolso do mantolão para essas ocasiões de Guiador especial. Ele nos sendará de ladeira abaixo, naquela vereda que o corpo ímpio do Coisa Ruim terá feito depois do baque. [Antes de arremessá-LO teremos jogado os dados com um bozó de couro, do conde de Mallarmé, para saber a quem cabiam os braços, a quem cabiam as pernas, para pegar, — lá nEle, que nojo — e jogar de despenhadeiro abaixo, se a mim a ou a ti, pois disto dependerão outros sortilégios na planície]. 

         Então, Santo Antônio Conselheiro cumprirá a profecia - "aplainei os teus caminhos" — e, guiados pela luz do espelhinho do Santo, a ale chegaremos, que já nos empera lá embaixo, um banquete imenso, [só memorável àquele de Yaveh, no deserto, com muita coalhada, com os Patriarcas] em companhia de São Sebastião, não aquele santo falsificado das igrejas, o das flechadas, mas aqueloutro do manto púrpura, nosso Rei, de Reis-Magos!

         Depois do banquete — muita carne de bode [assada, "cozinhada" e torrada com farofa] muita paçoca de pilão, muito jerimum com leite, doce de leite, rapadura, queijo de coalho e muita água, e esta nova delícia do sertão, o refresco de acerola, água, Amador! água três vezes água! - faremos, respeitada a sesta em rede de alpendre cheirosa a sol, negra nova e capim santo, uma cavalgada moura! 

         Claro, Amador, que você será o Rei Mouro, eu o Cristão, no meu cavalo pampo — disto não abro! Ou então, às cartas, ao olho da Princesa, porque o sertão será um imenso verde pano - "escureceu e choveu" - estrofe final de Psi, a Penúltima, cito descaradamente outra vez o filho de minha mãe!

                     Ó mártir de Cristo,
                     ó santo varão,
                     livrai-nos da peste
                     São Sé-bastião!
         Meus parabéns e um abraço muito grande. SF
Leia os belíssimos peomas neo-pós-concretos de Amador: Clique aqui



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