Félix Aires
Soneto Artificial
					Do alto do meu sonho inadiável, do cimo da 
					impressão que conduz em prol de novo estilo, 
					às vezes, vejo a Musa — uma Vênus de Milo, 
					outras vezes, porém, uma pobre quasímoda!
					A lira — o coração — a jóia que esmerilo, 
					tímida, pronuncio aqui no verso — tímida; 
					o metaplasmo ajuda a isto, alcança o arrimo da 
					antítese que vem para servir de asilo.
					Hei de também vencer!  O caminho mais reto dos 
					trabalhos vou a seguir, vendo que se desaba do 
					esforço que porfio, a rigidez dos métodos.
					E fico, noite e dia, alerta, neste afã:
					— segunda, terça, quarta, e quinta, e sexta, e sábado, 
					domingo... E vencerei? — Vencerás, amanhã!
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