Fábio Afonso de Almeida


Noite

Que noite, minha cara! Nas horas mais cruas Infinitos desejos se escondem Nas dobras quentes de meu leito E queimam como brasas. Desejo-conflito, próximo e contido Poreja a pele de suor frio E a garganta dói, num espasmo Quer ceder e não cede. Segura com força esta noite Aperta nas mãos esta dor. Mas não vai, não vai... Ouço tua respiração Rítmica, serena e falsa. Um vazio enorme derrama No quarto, nas paredes Mas, não vai, não vai... Que noite solitária essa O mundo é sem volta A vontade não importa Não posso ir, eu já sei Não existe mais nada além: São cacos que machucam E ferem no abraço angustiante Dos braços apertados no próprio peito!


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