Emerson dos Santos Moura

Entorpecido
                  
 
O mundo dá voltas
Tudo que era verdade se torna mentira
Talvez tenham sido apenas ilusões
Ou algo além do nosso conhecimento
Talvez apenas tenhamos modificado a verdade
Ou ela nunca tenha existido
Sonhos apenas
Somos capazes de tudo...
Quando o assunto é ilusão
Quando queremos que um sonho seja verdade
Tudo é possível diante de nossos olhos
Só para valer a pena um momento
Esquecemos o amanhã durante alguns segundos
Mas a realidade é implacável 
E o amanhã chega imponente
Nos mostrando a dor
Cobrando os nossos erros
Os meus, os seus, todos que pensam que podem desafia-lo
Talvez seja por isso que me sinto entorpecido
Nem você, nem ninguém pode me alcançar
Será que me acostumei a dor?
Coisas de um coração morto
Uma sensação diferente
Esse calor já não me queima mais
E o frio parece ser minha morada
E nada mais dói tanto assim
As lágrimas já secaram por pessoas que não mereciam
Hoje quero ser apenas meu amigo
Afinal apenas eu não posso mentir para mim mesmo
Entorpecido
Não diria que estou feliz
Só posso dizer que não estou triste
Posso viver assim até o final dos tempos
Só assim sobreviverei a esses dias negros
E se quiserem comprar a minha alma
Ela está a venda pelo melhor preço
Se quiserem comprar meu coração
Se preparem para pagar muito caro
Mas se o que vocês querem é minha morte
Vão ter que esperar
Não vou entrega-la tão fácil assim
Ainda tenho muito o que sofrer
Ainda tenho muito a conquistar
E ainda verei muitos caírem aos meus pés
Pedindo perdão
Entorpecido, pisarei em seus corpos podres pela vergonha
De não morrerem como guerreiros
De não morrerem como eu morri
                                                                           
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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  25  de  Maio  de  1998