Emerson dos Santos Moura

O Mesmo Céu
                  
 
Você se desenha em mim com uma precisão inconstante
Eu vejo você sorrir só pra conseguir o que quer
É estranho como você se mantêm na terceira pessoa do singular
Permanecendo presente a distância 

Se às vezes afundamos em sentimentos
É porque a carne que os sustenta não os suporta
Nos afogamos por acreditar em mentiras
Eternidades de curto prazo 

Sei que nem sempre faz sentido
Mas não quer dizer que seja mentira
Só que não conseguimos entender o óbvio
Despejado sobre nós como uma metralhadora 

Atingidos, alvos fáceis que somos
Mas o sangue não escorre pelos nossos corpos
Apenas lágrimas tocam o chão sujo
E o tornam ainda mais sujo 

E quem tem sua alma limpa?
O céu permanece assim como o chão
Mas não fizemos nada para mudar isso
Agora estas marcas são pra sempre 

E no final nunca o fim
Apenas a chance de um novo início para terminar
E acabar como começou...

                                                                           
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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  25  de  Maio  de  1998