Emerson dos Santos Moura

Céu Em Forma de Demônio
                  
 
As portas estão sangrando e o sangue ferve
Enquanto gritamos silêncio
Tudo que é meu não pertence a mim
Escuto você dizer: Vamos agora!
Mas eu quero ficar e ver o próximo corpo
Eles estão caindo do céu, sem razão nenhuma
Talvez Deus não tenha uso para eles agora
Todas as estrelas estão derretendo
Talvez o sol esteja muito quente esta noite
Damos uma olhada no céu em forma de demônio
Enquanto os ratos comem a lua
A noite fica mais negra
Ninguém parece se importar, ninguém entende
E o mal se infiltra em minha alma
Ela chora por mim pensando que suas lágrimas podem me salvar
Ouvimos a gargalhada que vem do céu em forma de demônio
Agora apenas um sorriso sombrio ilumina a noite
Enquanto tentamos caminhar sobre as estrelas derretidas
O chão brilha tanto que nos cega
Não posso ver onde estou indo
Sempre foi assim
Mas eu tinha meus olhos abertos
Eu podia ver você
Caio uma centena de vezes
Às vezes não entendo meus medos
E eu olho o céu em forma de demônio uma última vez
Ela vem a mim e diz "hora de ir" e sorri
Vou com ela, meu corpo fica, Não tenho uso pra ele agora
Apenas mais um a cair do céu em forma de demônio
Eu digo adeus, mas você não pode me escutar
Você nunca me escutou mesmo... 
                                                                           
[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  25  de  Maio  de  1998