Epiphânia Nogueira


Saudade Ancestral

A saudade ancestral me trouxe ao mar, e o líquido elemento me acolheu; a imensidão azul foi o meu lar, e fui peixe, e fui concha, e não fui eu. Das ondas meu cabelo foi espuma e brinquei nua e pura à luz da lua. Com o verme e com o lodo me fiz uma, e renasci, eterna, à voz que é tua. Vivo, o incêndio do sol a água queimou, e toda a minha vida vi arder nesse mar onde a luz me penetrou. E o sangue que foi água se refez; e a carne que foi lodo quis viver; e, à luz do sol o mar o ser me fez


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