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Novidades da semana
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Página atualizada em 10.07.2000
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Elcias Lustosa
<elcias.lustosa@camara.gov.br>
Biobibliografia 
Poesia
  1. Janela do meu quarto
  2. Devolvam-me a poesia
  3. Ser criança
  4. Encanto
  5. Estação da morte
Crítica 
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Elcias Lustosa
<elcias.lustosa@camara.gov.br>
Janela do meu quarto
 

Estou certo; feito o que me quis
Com o prazer dos vencedores 
pronto para novas batalhas
Não tive todas mulheres que quis
Mas quis todas mulheres que tive
Não realizei todos meus projetos
Os que realizei foram muito bons
Fiz filhos, fiz poesias, fiz estórias
Falei dos homens aos homens
E me acreditaram com esperança
Lecionei, professor, mestrando
A vida me disse, disse da vida
Tudo me fez bem, tudo fiz bem, a mim
Perdoem os que não me crêem
Eu me creio, isto me basta
Não sou  o que me querem
Sou simplesmente o que me quero
Poeta com  gosto de viver poesia
Já não me dou, pois me tenho,
Assim, nos meus caminhos
Com ar do se aquecer com a aurora
Há um nascer e uma renascer
Estou a fazer e já fiz muito
Tenho livros publicados
Filhos criados e a criar
Amores vividos e a viver
Doces lembranças e utopias
Sou assim feito e a fazer
Sempre correndo atrás
Com o gosto de já ter realizado!
Minha memória tem lápis de cor
O fazer, cor da fantasia
Sou poeta, apesar das construções
O gozo no agitar e inquietar
Tenho o universo em mim
Sou o mundo e dono do mundo
Não como propriedade inalienável
Mas como quem sabe de tudo
Certo do que tudo é nada
Nada é saber o que não se sabe
O conjunto de tudo é se iludir
Com todas as suas incertezas
Haverá sempre verdades outras
Que importa a verdade? Há o quê?
Apenas o que acredito, que sou eu
Deixem-me com minha poesia, só
Estou feito soldado antes da batalha
Sem o inimigo que me inventaram
A caminho da luta para ser herói
Não cabe conhecer vencido,  vencedor
Tenho apenas que guerrear e me fazer
Fazer herói de meus propósitos
Assim me saberei na guerra
Em luta e a lutar com sangue na boca
Ardendo de febre da vitória
Sem causa, nem objeto
Eu me renovo e me realizo
No tesão e gozo da poesia
Na paixão e ardor da luta
Na angústia e aflição do pecado
Na fadiga de conseguir o desejado
É assim que me faço poeta
Com todos descaminhos, penosos
Da janela de meu quarto me vejo
Com o olhar do mundo, de tudo
Entrego-me ao sonho e ao vinho
Já me chega o sonho e me tenho
Do mundo da janela do meu quarto
Sou feliz, pois simplesmente sou
Poeta de olho no mundo 
Mundo de olho em mim
Derramo-me e derrama-se o mundo
A misturar-se em poesia, poeta
Essência e objeto da poesia
Numa noite que se finda
Com sabor dos ventos
Toda a poesia se faz presente
Tardo a pensar no que fiz
Tardo a pensar no que fazer
Tardo pelo prazer de tardar
Afinal, sou poeta
Tenho bom vinho
Boa mulher
Bons sonhos
Herdeiros para lembrar que fui
Livros par dizer que fui
Assim me tardo e tarda
Na janela de meu quarto
Com olho no mundo 
Com o mundo de olho em mim
Tardo a fazer poesia
A madrugar meu canto
Pleno de encantamento
E me dou boa noite poeta
Faço-me noite, faço poesia
Faço de partida em meu realizar
Enfim poeta de toda perspectiva
Poeta de todas possibilidades
Poeta por se saber poeta
Em se fazendo poesia

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Elcias Lustosa
<elcias.lustosa@camara.gov.br>
Devolvam-me a poesia

Devolvam-me a poesia:
o gosto pela tristeza tediosa
o prazer pelos males do amor
a angústia pelas dores do mundo 
a culpa pelos descaminhos

Devolvam-me a poesia:
o encanto pelo riso de uma criança
a alegria pelo perfume das flores
a placidez pelo fim da tarde
o sonhar pelo canto dos pássaros

Devolvam-me a poesia:
a mansidão pela aurora no campo
a viagem pelas ondas do mar
o vagar intrépido pelo vento
o seguir perdido pelas nuvens 

Devolvam-se a poesia
devolvam-se a tristeza tediosa
os males do amor, as dores do mundo
devolvam-me os descaminhos

Devolvam-me a poesia
devolvam-me o riso das crianças, 
o perfume das flores, o fim da tarde
devolvam-me o canto dos pássaros

devolvam-me a poesia
devolvam-me aurora no campo,
as ondas do mar, as vagas dos ventos,
devolvam-me as nuvens perdidas 

Devolvam-me a poesia...
 
 
 

BSB 15-09-98

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Elcias Lustosa
<elcias.lustosa@camara.gov.br>
Ser criança

Quero o riso de uma criança
O abrigo de sua inocência
A ausência de culpas e contas
A certeza de ser tudo possível
O correr a realizar inconseqüente

Quero o riso de uma criança
A pensar numa vida a realizar
A segurança do afago maternal
O perseguir quimeras impossíveis
A sonhar vencedor, sem vencidos

Quero o riso de uma criança
O se encantar com uma formiga
Os medos dos ruídos dos trovões
O dormir, recolher-se ao se fatigar
O cumprir obrigações dos outros

Quero o riso de uma criança
Por não ter mágoas e tramas
Por não carregar um passado
Por se alegrar com um doce
Por se saber e ser feliz

Quero o riso de uma criança
Para me fazer possível o futuro
Para apagar o que fiz de mim
Para executar o poderia ter sido
Para me alegrar com coisas miúdas

Quero o riso de um criança
Quero é ser criança, por pouco
Quero é ter o passado presente
Quero o que me foi, o que fui
Quero mesmo é ser criança

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Elcias Lustosa
<elcias.lustosa@camara.gov.br>
Encanto

Ela passou ou esteve, não sei
Sei apenas de meu encantamento
Caminhou leve pisando meu olhar
Pasmo, absorto, detive-me a sentí-la
Excêntrico momento de fantasia

Havia a bela, sua beleza, a quimera
Não me sabia, não me sei diante dela
Faz-se caprichosa minha imaginação
É uma quimera, um sonho, um devaneio
Apropriou-se de meu ser, do meu saber

Estou entregue, devotado a seu encanto
Busco-me e apenas a encontro sempre
Estou possuído, já não me pertenço
Sinto-me expropriado e indenizado
Ela esteve a me deliciar, me enlevar

Não há luxúria, tesão, tara. Há ela
Ela me arrebata e  gozo ao sentí-la
Estou pleno da mulher que me possuiu
É meu caminho,  luz, minha verdade
É enfim pasmo assombro sobrenatural

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Elcias Lustosa
<elcias.lustosa@camara.gov.br>
Estação da morte

Estou de passagem de olhar incerto
A visão posta nos caminhos e saídas
O desconhecido me desconforta
O azar deixou-me antes do porto
Perdi o transporte em meio a viagem
Não me encontro e nada encontro
Vago e divago sem o que buscar
Não estou a procura, estou posto
Não tenho o que buscar, nem refletir
Deparo-me absolutamente sozinho
Não tenho referências ou indicações
Quedo-me sem qualquer perspectiva
Agora sei do tempo pela inutilidade
Não faço nada e nada tenho que fazer
O vento levanta poeira na estrada
São vagas a despertar os meus vazios
Lanço-me no pretérito a pensar no futuro
A depressão do inútil impede quimeras
Num canto busco a posição fetal
Entrego enfim a um inútil vazio
Então sei, tenho o saber possível
Estou na estação imprevista do caminho
Estou no fim do mundo, no fim dos tempo
Enfim,
Sei-me findo,
sei-me  não vivo,
sei-me morto

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