Eugênio de Freitas 

Consternação
 
Já disse alguém de inteligência aguda  
que nada aqui se perde nem se cria,  
que neste mundo a forma apenas muda,  
que afirmação diversa é fantasia. 

Inutilmente o ser humano estuda  
os labirintos da cosmogonia.   
Em vão implora a Divinal Ajuda,  
qualquer explicação se distancia. 

Tem a matéria vibração infinda. 
— Ateu, porque descrês da vida eterna? 
Indispensável outra prova ainda? 

Se agora não te abrigas em caverna,  
se mil problemas teu saber deslinda,  
tua cegueira estranha me consterna.

 

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Página atualizada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  24 de novembro de 1997