| Aos que devoram o mundo tranquilos, como se comessem
 uma banana split;
 aos que usam as assembléias
 como balcão de negócios,
 na esperança de vender
 seu estoque de bombas;
 aos banqueiros internacionais,
 pressurosos em atender
 os mendigos de Estado,
 em troca de pequenas concessões;
 aos que plantam suas máquinas
 em terras estrangeiras,
 para espremer os frutos,
 o solo e as gentes;
 àqueles que falam doce
 e mandam seus missionários
 catequizar os gentios
 com hinos de dúbia letra;
 aos amantes da ciência,
 magos e feiticeiros,
 hábeis em curar moléstias
 geradas por eles mesmos;
 aos que levam nosso ferro
 e areias monazíticas
 e nos devolvem em troca
 o saldo de suas festas;
 aos que matam nossa fome
 com sacas de feijão podre
 e nos afogam a sede
 num mar de refrigerantes;
 aos que abrem suas asas
 sobre nossas cabeças ocas
 e nos fazem aliados
 contra o inimigo deles;
 enfim, a todos aqueles
 que usando de artimanhas
 suas artes nos ensinam,
 nossa gratidão eterna.
 E a promessa de que um dia,
 tão logo estejamos prontos,
 restituiremos em dobro.
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