Carla Dias


Gota

Há uma gota d'água. Gota da lágrima, vinda da alegria insana de colher o riso do homem cansado. Apaixonado, último, raro, engatinhando por campos minados. Caçando a chance de amar e de sua alma espalhar-se em vida. Há um instante no tempo, e um planeta que adormece sonhando um brilho de estrela, pela noite escura que antecede a guerra. E o homem come sua terra, pó mágico que embriaga de loucura, que atenua a dor ... a dor de não saber sonhar. Há o homem no ar! Suspenso por fio transparente, pendendo entre o amor e o ódio, querendo a chave de si próprio. Pra poder vasculhar à si, sem ter medo. Pra ter medo com a chance de vencê-lo. Pra acreditar no ontem que tornou o hoje a sua condição. Gota a gota ...


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