Dom Francisco Manuel de Melo


Soneto I
Formosura, e Morte, advertidas por um corpo
belíssimo, junto à sepultura.

Armas do amor, planetas da ventura Olhos, adonde sempre era alto dia, Perfeição, que não cabe em fantasia, Formosura maior que a formosura: Cova profunda, triste, horrenda, escura, Funesta alcova de morada fria, Confusa solidão, só companhia, Cujo nome melhor é sepultara: Quem tantas maravilhas diferentes Pode fazer unir, senão a morte? A morte foi em sem-razões mais rara. Tu, que vives triunfante sobre as gentes. Nota (pois te ameaça uma igual sorte) Donde pára a beleza, e no que pára.


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