Da Costa e Silva

Sob o Ritmo do Tempo
 
 
A areia, grão a grão, escoa na ampulheta...
Sob o ritmo do tempo, em silêncio medito:
Ai de quem, a sofrer, passou pelo planeta
Sem realizar o seu instante de infinito!

A água cai, gota a gota, a oscilar na clepsidra...
Atento ao seu rumor, penso inquieto e tristonho:
Ai de quem não arou com pranto a terra anidra,
Para atirar ao mundo a semente de um sonho!

A sombra leve azula a pedra do quadrante...
Cismo, absorto, a seguir-lhe o tardo movimento: 
Ai de quem, a viver como uma sombra errante,
Não roçou pelo céu a asa de um pensamento!

 
 

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  07  de  Agosto  de  1998