Da Costa e Silva

Ultra Limina...
 
 
Em frágil barca de ébano e marfim,
De tírias velas côncavas ao vento,
Vago pela amplidão do firmamento
Nas ondas do éter pelo azul sem fim...

Aonde vou nesse estranho bergantim, 
Veloz e afoito como o pensamento?
Que céu de sonho, que país nevoento,
Que mundo de mistério busco, enfim?

Nos extremos remotos do horizonte,
Perde-se a barca, espaço em fora, sem
Que com o porto encantado se defronte.

Colho as velas, deito a âncora, porém
Surge na proa o vulto de Caronte, 
Com a mão no leme, a dirigir-me: — Além!

 
 

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  07  de  Agosto  de  1998