Da Costa e Silva

O Único Bem
 
 
Lutei, sonhei, sofri, desde criança,
Nesta inquietude, nesta vã tortura
De quem jamais consegue o que procura
E, se consegue, perde quanto alcança.

Já nem me resta ao menos a esperança,
Para a ilusão da glória e da ventura;
Nem a fé, ante a dúvida, perdura,
Desde que o amor, num túmulo descansa.

Tanto alcancei, quanto perdi, de sorte
Que, em suprema renúncia, a alma vencida
Não devera aspirar senão à morte.

Mas, como a sorte me foi tão funesta,
Aprendi muito mais a amar a vida,
Porque é o único bem que ainda me resta.

 
 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  07  de  Agosto  de  1998