Da Costa e Silva

Diálogo Interior...
 
 
Ante o infinito,
Cismo e medito.

Mas vou pensando
E interrogando.

Dialogo a esmo
Comigo mesmo.

— Tudo convida
A amar a vida.

— E amar se deve
A um bem tão breve?

A vida é bela
No que revela...

— Mas como existe
O homem tão triste?

— A vida é a luta
Divina e bruta.

— Onde o heroísmo: 
Páramo ou abismo?

— A vida encerra
Os bens da terra.

— Se esses dons temos, 
Por que sofremos?

— A vida inquieta 
É a mais completa.

— Mas por que a alma
Aspira à calma?

— A vida é intensa 
Para quem pensa.

— E onde a esperança, 
Que não descansa?

— A vida é pura
Quando há ventura.

— E por que sinto
A ânsia do instinto?

— A vida é chama, 
Que apura e inflama.

— Por que a resumo
Em névoa e fumo? 

— A vida é a glória
Sempre ilusória.

— Mas como é insano
O sonho humano?

— A eterna esfinge
Ninguém atinge...

— Que reticências
Nas existências!

 
 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  07  de  Agosto  de  1998