Cunha Santos Filho


Motel

O mênstruo da aurora em tom vermelho repete-me abatido na vidraça minha imagem em dó, ré, mi, coalha no espelho o sol, lavando o resto, vê e passa é a manhã, rebento do meu sono, afoito me mudo para a lâmpada que, acesa, crava minha sombra sobre a mesa caneta e eu, poema, eterno coito saudades dela em mim como estrias na pele. E como é dura removê-las devassos nós dormimos quando é dia que às noites, como cães lassos de orgia se ela faz suruba com as estrelas eu vivo em coito anal com a poesia

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