Celso Mesquita 

Credo
                  
              
Sei que uma flor 
não é inacessível.
Sei que não sei de nada
e tudo que sei é
um pontapé
importuno
nos ouvidos malquerentes.
Sei também
que é inadiável essa feitura,
e que de tempos em tempos
o barco soçobrará
em seu próprio leito de temores.

Mas aproveitemos esse momento
de lúcido conhecimento:
não temos em nós (inerente)
uma visão
do essencial na existência?
ou a dualidade é irreparável?

Creio na possibilidade
de haver alguma crença:
e nesse sentimento
vive uma geração,
toda a vontade insatisfeita
de uma época
em que (até) os beijos
espoucam
e assustam.

 

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Página  atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  06  de janeiro de 1998