Camilo Pessanha

Remetido por Paulo Franchetti - FRANCHET@turing.unicamp.br

Ao Longe os Barcos de Flores

(A Ovídio de Alpoim)
Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranqüila, - Perdida voz que de entre as mais se exila, - Festões de som dissimulando a hora Na orgia, ao longe, que em clarões cintila E os lábios, branca, do carmim desflora... Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranquila. E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detém. Só modulada trila A flauta flébil... Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razão deplora? Só, incessante, um som de flauta chora...

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