Camilo Pessanha

Remetido por Paulo Franchetti - FRANCHET@turing.unicamp.br

Ó Madalena, ó cabelos de rastos

...e lhe regou de lágrimas os pés, e os enxugava com os cabelos da sua cabeça. Evangelho de S. Lucas.
Ó Madalena, ó cabelos de rastos, Lírio poluído, branca flor inútil, Meu coração, velha moeda fútil, E sem relevo, os caracteres gastos, De resignar-se torpemente dúctil, Desespero, nudez de seios castos, Quem também fosse, ó cabelos de rastos, Ensangüentado, enxovalhado, inútil, Dentro do peito, abominável cômico! Morrer tranqüilo, - o fastio da cama. Ó redenção do mármore anatômico, Amargura, nudez de seios castos, Sangrar, poluir-se, ir de rastos na lama, Ó Madalena, ó cabelos de rastos!

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