Paudarco
Paudarco gigantesco! Pelos
traços
lembra um deus milenar,
rude e iracundo,
que detivesse, de repente,
os passos
e ali ficasse contemplando
o mundo.
Preso pela raiz ao chão
profundo,
a fronde a farfalhar pelos
espaços,
bebe a seiva nutriz no solo
imundo,
mas para o céu é
que levanta os braços.
Prometeu vegetal, brame,
se estorce
e, por mais que proteste
e se esforce,
não se libera da
imobilidade.
Acorrentado ao pedestal da
serra,
embalde é o sonho
de fugir à terra,
o anseio de galgar a imensidade.