Clodoveu A. de Almeida


Saudades

Tardes cor de ouro, violáceas, afetuosas. Tardes de pressentimento, de meditação, que inundais de perfume e que cobris de rosas meigos recantos de meu coração. Tardes de doçura e recolhimento, aveludadas, de arminho Insinuais a delícia do carinho e a beleza sem par do querer bem. Enfeitais o infinito em linda cor de vinho, lembrais a suavidade espiritual de alguém. Vós que viveis acompanhando toda a melancolia de meu ser, ide longe, longe, para quem eu amo dizei-lhe coisas que não sei dizer. Tardes de reclínio, tardes de bondade, cheias de mansidão crepuscular, ide, contai-lhe esta agônica saudade dizei-lhe da Amizade, do amor e do pesar... Voai, voai, através destes espaços, tardes religiosas, tardes calmas e levai-lhe o aconchego de meus braços uní eternamente as nossas almas.


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