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Brasigóis Felício

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gizelda Morais

 

Andréa Santos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

 

 

 

 

 

Caravagio, Êxtase de São Francisco

 

 

 

Brasigóis Felício
 

 


 

BIOGRAFIA

 

Brasigóis Felício nasceu em Aloândia (Go) em 1950. Tem 20 livros publicados, entre obras de poesia, conto, romance, crônica e crítica literária. Em sua bibliografia destacam-se Hotel do tempo, poesia, (Editora Civilização Brasileira, l982); Monólogos da Angústia, contos, (Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, Diários de André, romance censurado e apreendido em 1976, por ordem do ex-ministro da Justiça, Armando Falcão; Viver é devagar, crônicas, l998, Literatura Contemporânea em Goiás, crítica literária, O tempo dos homens sem rosto, poesia, Editora Estação Liberdade, e Memória da solidão, contos, Coleção Karajá, da Agência Goiana de Cultura.

Trabalhou, como repórter e redator, nos jornais Cinco de Março, O Estado de Goiás, Revista Leia Agora, Revista Centro Oeste, O Top News. Em O Popular, onde atuou como repórter e redator do Caderno 2, durante 12 anos seguidos, iniciou sua carreira de cronista. Neste jornal assina, há oito anos, uma crônica semanal, na seção Crônicas & Outras Histórias.
É detentor de dezenas de premiações, em nível regional e nacional, e integra antologias de contos e poemas publicadas no Brasil e no exterior. É membro da Academia Goiana de Letras, UBE-GO e Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás. Sobre sua obra em prosa e poesia já se pronunciaram renomados críticos e estudiosos de literatura.

Na condição de jornalista e crítico de arte tem acompanhado, com reportagens e textos críticos, a movimentação das artes plásticas em Goiás, desde a década de 80. Escreveu textos críticos e apresentações para catálogos de exposições de artistas como Siron Franco, Antonio Poteiro, Maria Guilhermina, Iza Costa, D.J. Oliveira, Omar Souto, Sanatan, Enéas Silva, Né Luiz, Sival, e muitos outros.

 

 

Maria Maia

 

Augusto dos Anjos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Riviere Briton, 1840-1920, UK, Una e o leão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Regina Sandra Baldessin

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eleuda Carvalho

 

 

 

Brasigóis Felício
 

 


 

MORANGOS DO MAL

 

O poeta outsider
não teve culpa,
vergonha ou medo
quando leu naquele teste:
"HIV positivo".

Na terceira noite
após a decretação da Perda,
por auto-proteção, enlouqueceu.
A vida o habitava
e a ela se dava, e tanto,
e não soube que a dor
passeia no corpo
— sua morada e semente.

O poeta jamais imaginou
que a dor visitaria seu corpo
em traje de passeio completo.
A dor o visitou, toda garrida,
enquanto o poeta,
em seu leito de agonia,
contemplava os muros do cemitério
do outro lado da rua.

A vida o habitava. É culpa sua?
Tantas vozes, dentro da noite,
gritaram seu nome.

II

O poeta aceitou a queda
como a semente abandona
a sua casca imprestável.
O poeta mudou, embora
sendo o mesmo, tão diferente
Cazuza, sempre a "pedir piedade
pra essa gente careta e covarde".

Em sua última epístola
ao anjo Lúcifer, antes da Queda Abissal,
era mais um Ícaro, anjo solar,
do que um corpo caindo.
Até porque a Queda é Sempre
como o calmo desespero
dos que cantam no suplício.

"O que importa é a Senhora Vida
coberta de ouro e prata
e musgo do tempo" (1)
III

Aqui jaz Caio, o outsider
que se abismou no Ser.
Bêbado de lucidez e equilibrando-se
entre a queda e o movimento,
não quis mofar, como os morangos do
medo.
E preferiu a vertigem a apodrecer no
pântano.

Entre o Ser e o Nada,
o poeta gritou, em êxtase
e pavor, antes de ser vencido.

E o poeta pediu morangos silvestres,
ao despencar no Abismo.

(1) Caio Fernando Abreu
*Poema vencedor do I Concurso Nacional de Poesia Francisco
Igreja da APPERJ, Associação de Poetas do Rio de Janeiro.

 

 


 

MATADOURO DO DIA

 

Avisem os tristes da cidade:
darei de beber
de meus olhos naufragados
a quem ficar a meu lado.
Darei de comer
de meu corpo violado
aos nus, aos desesperados.
Venham beber o vinho amargo
da minha bêbada amizade
os que nunca se encontraram.
Voltaremos tristes para casa
(o peso do mundo nos ombros).
Só depois de beber, e ficar puros
esqueceremos as coisas
(seus escuros muros altos).

Venham beber o vinho amaro-amargo
do meu sangue torturado.
No porto inseguro de mim
há pão e fel para todos.
O país é rico e sujo:
amanhã seremos degola
Darei de beber
de meu sangue aleijado
aos tristes, aos suicidas
aos pederastas, às prostitutas.
Vamos todos, mutilados
ao matadouro do dia!

 

 

 

Elaine Pauvolid

 

Rita Brennand

 

 

 

 

 

31/10/2007