1985
– Um homem devorado
pela fera
Fabian
Restivo
Muito
antes de começar tinha certeza de que não seria fácil e os
fatos posteriores me deram razão. Foram quatro dias de
telefonemas e de vigília, as respostas da governanta Fanny eram
contraditórias: “O senhor está descansando na fazenda de seu
amigo, o senhor Bioy Casares, e não volta até a próxima
semana”, “Neste momento o senhor está em uma reunião e não
pode atendê-lo”, ou então “O senhor saiu para a
universidade, ligue amanhã”. Tudo isto em um mesmo dia, com
diferença de horas.
Indubitavelmente,
tinha quem o cuidasse, e muito bem. Era preciso tomar uma decisão
rapidamente, o caso tinha a urgência de um recém-nascido, dado
que Jorge Luis Borges viajaria nos próximos dias para Genebra, Suíça.
Trabalhava contra o relógio, correndo o risco de perder a
entrevista.
Eram
17:30 do dia 31 de outubro de 1985, quando, debaixo de uma chuva
dos diabos, estacionei o carro em frente ao número 642 da rua
Maipú. A chuva me deu a certeza de que Borges não desceria, pelo
menos até que parasse. Comprei um maço de cigarro na banca em
frente e verifiquei com o dono se Borges estava em casa. “Sim,
está, mas com essa chuva não creio que desça. Veja, a mulher
que cuida dele sai para fazer compras por volta das oito da manhã;
ali pelo meio-dia desce com ele e o coloca em um táxi… e
retorna lá pelas duas da tarde”.
Confirmado.
Borges estava em casa. Tudo o que tinha a fazer era esperar os
acontecimentos e o momento oportuno. Passei a noite no carro e às
oito em ponto apareceu Fanny, a governanta, voltando meia hora
mais tarde. Tinha um só medo: cair no sono.
À
uma da tarde, Fanny surgiu juntamente com Borges, o táxi estava
esperando; Borges entrou no carro e partiram. Segui-os. Pararam a
seis quarteirões, no restaurante El Áquila, mas algo me dizia
que não era este o momento. Uma hora depois o táxi voltou para
deixá-lo novamente em casa. Enquanto subia, Fanny saiu. A porta
do edifício estava aberta e quando o elevador parou no sexto
andar tive um momento de dúvida. Enquanto olhava a pequena placa
de bronze que dizia BORGES, fiquei a pensar em como seria a recepção,
se é que me receberia.
Toquei
a campainha e ouvi os passos lentos do outro lado da porta. A voz
inconfundível de Jorge Luis Borges indagou: “Quem é?” Nesse
momento tive a certeza de que estava só e respondi: “Fabian
Restivo, venho para uma entrevista.” Sua resposta não demorou:
“E quem é Fabian Restivo?”
Sabendo
que este homem se dera ao luxo de ignorar, entre outros, a
escritora Martha Lynch e o prêmio Nobel de literatura de 1984, o
checo Jaròslav Seifert, pensei que realmente me fazia uma honra
ao desconhecer-me. Contudo, abriu a porta e depois das explicações
formais tomou meu braço e fomos até um grande sofá no living.
A
conversa foi variada, tanto que me foi impossível respeitar a
ordem que tinha, realmente impossível seguir a rotina jornalística.
Como enquadrar um homem como Jorge Luis Borges em uma série de
nove perguntas? Se quando lhe perguntei o que pensava do
julgamento das juntas militares, ele começou dizendo que achava
bom, e passou, não sei como, a dar-me exemplos históricos
partindo do ano de 1846…
A
conversa foi, repito, muito amena, e uma das coisas que mais me
impressionou foi suas mudanças de expressão: a primeira quando
tentava lembrar algo e seu rosto ficava impávido; a segunda,
quando conseguia lembrar-se e seu sorriso tornava-se quase uma
estrela.
Aqui
vai a entrevista com Jorge Luis Borges, um homem que, entre outras
coisas, disse: “Se me pergunta em forma interrogativa fica mais
fácil para eu responder. Não esqueça que sou um homem velho,
tenho 86 anos e já não estou para fazer reflexões, dado que
minha memória falha um pouco…”
Enquanto
caminhávamos até o sofá começou dizendo:
JLB
- Você não vai me seqüestrar, não é? [E
começou a rir] Eu rio, mas fiquei sabendo que anteontem um
homem da vizinhança foi assaltado. Levaram seu carro, sua camisa
e seus sapatos, deixando-o na rua somente de cuecas. Parece
mentira, quanta violência existe no mundo, indubitavelmente as
pessoas estão ficando loucas…
FR
- Mas
de qualquer maneira não podemos perder o otimismo. Acho que o
mundo está vivendo uma época de violência que, como todas as épocas,
deverá passar. O Sr. não acha?
JLB
- Sabe no que fiquei pensando? Nesta palavra: otimismo. Você sabe
de onde ela vem? Esta é uma palavra que devemos a Voltaire…
Ninguém sabe disso e no entanto todo mundo a utiliza. Claro que
depois veio o revés, o pessimismo, e aí temos o melhor e o pior,
sim, sim, um dos tantos dons que devemos a Voltaire e ninguém
sabe.
FR
- Acontece
que o Sr. é um perfeccionista no tema da linguagem, mas…
JLB
- Vê! Esta é outra palavra: perfeccionista. Você sabe de onde
vem? Esta palavra tem sua origem na Holanda, foi criada para
aqueles pintores que cuidavam muito de suas pinturas. Não se
esqueça de que a pintura flamenga é muito cuidadosa. E deles
começou-se a dizer que eram perfeccionistas. Hoje é uma palavra
muito usada, sempre ouvimos dizer: fulano é muito perfeccionista,
cuida muito de seu trabalho. E você pode ver que apesar de ser tão
usada ninguém sabe de onde vem.
FR
- Borges,
nosso tema é o seguinte: mais do que de uma entrevista eu
gostaria de uma série de reflexões.
JLB
- Seria melhor que fossem perguntas, assim fica mais fácil para
eu responder. Se você me pergunta em forma interrogativa será
mais fácil. Se me diz: “fale-me de tal coisa”, fico um pouco
perdido. Não esqueça que sou um homem velho, estou perdendo a
memória. Claro, vou completar 86 anos. Como a vida passa, não?
Acho que no mês passado Alicia Moreau de Justo completou cem
anos.
FR
- Sim,
foi no mês passado.
JLB
- Agora, fiquei sabendo que estava internada em terapia intensiva.
FR
- É
verdade, mas as notícias dizem que já está bem, que está fora
de perigo.
JLB
- Pobre, eu a vi há vinte dias e me disseram que este era o dia
de seu aniversário, mas, claro, havia tanta gente para entrevistá-la
que com certeza completou cem anos durante o mês seguido. Se alguém
fizesse o cálculo sobre o fato de haver completado cem anos
durante um mês dá uma idade de milhares de anos; assim, é lógico
que esteja doente.
FR
- Ainda
que não tenha sido mil, cem já é muito.
JLB
- Sim. Mas para os hindus era uma idade normal. Schopenhauer
encontrou uma razão muito engenhosa, mas que não é convincente.
Disse que só depois de cem anos qualquer um pode morrer de
repente, pode cessar, ou seja, pode estar conversando e de repente
morrer, e que, se alguém morre depois de uma agonia - agonia
quer dizer luta em
grego, você sabia?
FR
- …
JLB
- Bom, como eu dizia, se alguém morre de doença é algo tão
aleatório, tão casual, quanto o fato de ser devorado por uma
fera, ou entediar-se e afogar-se. Isso é outra coisa. Mas a idade
normal para morrer é aos cem anos, a menos que antes aconteça
algum acidente. Bom, é engenhoso, mas não é convincente.
Contudo, a Bíblia dá setenta anos, por isso Dante, em um verso
da Divina comédia,
disse: “Nell mezzo del camin de nostra vitta”.
Agora, se a média de vida é de setenta anos, o meio do caminho
seria aos 35, que é a idade que teria ou, por razões literárias,
fingia ter, no momento de adotar aquela visão de céu e paraíso,
de inferno e purgatório, uma tríplice visão, que a princípio
parece uma frase vaga, esplêndida, mas logo em seguida não,
porque de modo oblíquo quer dizer aos 35 anos, tal coisa.
FR
- Borges,
o que o Sr. acha do julgamento das juntas militares? Para o Sr.,
como está sendo conduzido?
JLB
- Acho que o julgamento é necessário. É a primeira vez na história
da América do Sul que governantes são julgados. Está bem que se
faça. Rosas, por exemplo, de quem sou parente distante, fugiu
depois da batalha de Caseros, mas alguém tinha que ser castigado
depois de tantos anos de ditadura, então fuzilaram quatro
degoladores da Mazorca,
que só eram instrumentos, já que não elegiam suas vítimas.
Eram… deixe-me ver… Alem, pai do caudilho, que presenciou a
execução de seu pai e depois escreveu “Oh sombras / que
volveis a mi memoria…”.
Tinha dez anos e levaram-no a presenciar a execução de seu pai.
Depois
vem Parra. Parra era um espanhol que vivia no bairro de la Merced
e era muito devoto da Virgem de la Merced. Passava a vida rezando,
batendo no peito, chorando, ou então degolando gente. Outro foi o
coronel Pitinho, que tinha uma casa em Barracas, e o outro
degolador, do qual não sei nada além do nome, era Troncoso.
Fuzilaram estes quatro degoladores que haviam protegido Urquiza,
que tinha também seus próprios degoladores. Mas depois Urquiza
foi tirado de Buenos Aires, no dia 11 de setembro de 1853. Nesse
mesmo dia fuzilaram os quatro degoladores. Coitados, porque não
eram especialmente cruéis, eles não escolhiam suas vítimas. Só
cumpriam ordens. Agora, neste caso, parece que vão julgar os
verdadeiros culpados, os que deram as ordens. Porque, veja você,
logo seguiram a família de Rosas, a família de Mansilla, a família
de Hernández, que eram rosistas. Aos Anchorena tampouco, a todos
eles não lhe fizeram absolutamente nada, mas fuzilaram quatro
degoladores.
FR
- O
Sr. não me disse, ainda há pouco, que sua memória falhava?
JLB
- Bom, mas essa história eu já contei tantas vezes…
FR
- (Não
pude conter uma gargalhada, e nem Borges, por conta da picardia)
Que imagens o Sr. tem da mulher?
JLB
- As mesmas que todo mundo… A mulher é algo tão vago, são tão
diferentes umas das outras, que não se pode generalizar. Veja você
esta mulher, Marta Lynch, a escritora cujos livros não li, que se
suicidou há alguns dias. O que se pode dizer disto? Não, não, não
se pode generalizar, seria injusto. [Borges
fica novamente impávido. Não me atrevo a rasgar seu silêncio.
Está pensando, e aprendi que quando Borges pensa é impossível
interrompê-lo. De repente, encontra a idéia que buscava e segue.]
Agora…
os Lynch, você sabe que os Lynch são parentes dos Estrada, dos
Pueurredón e dos Hernández também. Hernández tinha sangue
irlandês, como os Lynch.
Esta
mulher, Lynch, foi escritora, e pensar que o juiz Lynch foi quem
impôs, melhor dizendo, instituiu a forca e o “convidado de
honra” tinha que usar gravata… Sim, foi o juiz Lynch quem
instituiu essa justiça, digamos, sumária. A única coisa que
tinha de bom era que o “convidado de honra” tinha o direito de
dizer algumas palavras ao público presente. Não me lembro bem
quem é que foi levado à forca e, quando lhe disseram que se
pronunciasse, disse “não vim aqui para falar, vim para que me
pendurem”. Valente, não?
Quevedo,
o escritor espanhol, chamava o carrasco de “’Jinete de
cogote”. Mas, é claro, na Espanha
era diferente, o carrasco montava no pescoço do condenado e o
empurrava. Na Inglaterra era diferente. Eles inventaram uma
plataforma de uns vinte pés de altura que cedia. Parece incrível
que o mundo tenha se aperfeiçoado tanto neste tipo de coisa…
FR
- Sim,
chegamos até a cadeira elétrica.
JLB
- É, isto foi até bem calculado, para livrar-se da culpa, digo,
porque
parece
que existem três alavancas, de modo que cada carrasco tem duas
chances em três de ser inocente.
FR
- A propósito deste
governo, vou lhe dizer uma frase que anda circulando por aí.
Quero que me diga o que o Sr. pensa dela… [Borges
focou sério ou atento e posso assegurar que não sabia o que
poderia acontecer depois desta frase, mas só contei depois que
ele, com esta mesma expressão de seriedade, perguntou.]
JLB
- Qual é?
FR
- É
de Facundo Cabral, um cantor popular, o Sr. o conhece?
JLB
- Não. Se é popular, não o conheço.
FR
- Ele diz: “O que não
conseguiram os antigos gregos e nem mesmo Whitman, Alfonsín
conseguiu com uma xícara de café e o encanto do poder: convencer
Borges de que a democracia vale a pena” [Jamais
esquecerei a gargalhada que Borges deu depois de ouvir a frase de
Cabral.]
JLB
- Muito boa esta frase, realmente muito engenhosa, mas claro que
quando voltarem as eleições, se eu tiver que votar, votarei
novamente em Alfonsín, porque, apesar de ser um homem muito medíocre,
supõe-se que seja um cavalheiro. Pelo menos não é um assassino
nem um criminoso… Aqui não se votou em Alfonsín. Votou-se
contra os militares e os peronistas! E, no entanto, ele não pode
fazer nada, porque, que interesse ele pode ter em que suba o custo
de vida ou que exista tanto descontentamento? Olha tudo o que isso
traz. Antes qualquer um andava em qualquer lugar e ninguém
tentava roubá-lo no caminho. Agora isto é uma coisa de todos os
dias. Roubos, seqüestros… É terrível.
FR
- O
que o Sr. pensa do suicídio?
JLB
- Acho que é justo. Somos os únicos que temos direito sobre
nossas vidas. O poeta Leopoldo Lugones, trinta anos antes de se
suicidar, escreveu: “Dono o homem de sua vida o é também de
sua morte…” Sim,
acredito que esteja certo.
FR
- Pareceria
um sinal de maturidade?
JLB
- Sim, pareceria.
FR
- Existe
a maturidade?
JLB
- Esperamos. Eu não cheguei a ela, mas espero que sim. Só
cheguei à decrepitude e já é bastante… Mas acho que o suicídio
está certo, diz-se que entre os romanos também houve suicídio.
Sêneca, Petrônio.
Mas acho que eles receberam ordens do imperador. Meu pai, de
alguma forma suicidou-se, ele tinha uma doença incurável, estava
prostrado e resolveu deixar-se morrer… Disse-me: “Não vou
pedir-te que me mates porque sei que não o farias, mas vou
encarregar-me disso. Não te aflijas. Deixou de se alimentar,
rejeitou toda medicação, tomava de vez em quando um copo de água,
quando não podia agüentar a sede. Ao final de dois meses,
morreu. Nunca se queixou e fazia piadas o tempo todo, ria do que
lhe diziam, enfim…
Meu
avô, o coronel Borges, deixou-se matar depois da capitulação do
general Mitre ao coronel Arias. Fez-se matar com um Remington, que
havia sido importado dos Estados Unidos depois da Guerra de Secessão,
que foi, isto quase ninguém sabe, a maior guerra do século XIX.
Muito maior que a guerra de Napoleão, que durou três dias, o que
era demais para aquela época…
FR
- Ou
seja, seu avô lutou em guerra?
JLB
- Sim. Eduardo Gutiérrez, em um livro sobre os militares,
escreveu algo sobre meu avô. Mitre se rendeu e meu avô se deixou
matar. Vestiu um poncho branco, montou seu cavalo tordilho e avançou
até as tropas inimigas - as linhas do coronel Arias -, não a
galope, mas trotando, e recebeu duas balas de Remington; caiu do
cavalo e morreu no banco de sangue, na Fazenda de La Verde, ao
sul, próximo do povoado de 25 de Maio.
Uma
vez fui ver o campo de batalha e me disseram: “Aqui caiu de seu
cavalo o coronel Borges”. Não pude conter o riso: como podem
saber onde ele teria caído em 1874… É ridículo… Mas tanto
faz, aquele era o local.
FR
- Assim
como lê tanto sobre seu avô, Borges lê o que se escreve sobre
ele?
JLB
- De tudo o que se escreveu sobre minha pessoa só li um livro que
se chama Borges en Lima y
Clave, de um boliviano, um tal Tamayo, e um mendocino, Ruiz Días.
Este Livro foi publicado em 1953 e naquele tempo nada se falava de
mim porque, claro, era antiperonista. Aliás, sou antiperonista.
Os de que se falavam muito eram dois escritores que hoje estão
totalmente esquecidos, que às quintas-feiras almoçavam na casa
de Eva Duarte de Perón. Tinham nomes incríveis: um se chamava
Musopapa e o outro era muito mais estranho, Melaza Mutoni. Mas
veja se são nomes para se ter. De onde os tiraram estas
pessoas?… São nomes esquisitíssimos… Musopapa é melhor ou não?
FR
- Digamos
que soa mais familiar…
JLB
- Sim. Isto. Musopapa, Musopapa… Será que é grego? Pode ser,
mas Melaza Mutoni… enfim, estes e todos naquela época eram
famosos, como Ignácio B. Anzoatequi, que também era peronista…
Anzoatequi escreveu um artigo contra mim. Muito forte, muito
injurioso, naquele tempo. Certa vez encontrei-o numa reunião,
aproximei-me e disse: “Você é Anzoatequi”? E ele respondeu:
“Você é Borges”?. “Sim”, eu disse, e nos cumprimentamos
e assim tudo terminou, porque depois de tudo que pode importar o
resto? Esquecemos de tudo…
FR
- Coisas
da diplomacia…
JLB
- Não, ele havia escrito isto porque era peronista e eu não, mas
o que importam as opiniões das pessoas? Tudo isto muda depois…
FR
- E
agora, Borges tem inimigos?
JLB
- Não. Nem quero ter um só inimigo. Não tenho, ou, em todo
caso, meus amigos não me dizem nada…
FR
- Dias
depois se desconhecia praticamente toda informação sobre o célebre
escritor argentino Jorge Luis Borges. Entre as poucas coisas que
se diziam, aparecia a informação de uma doença nos rins e próstata
do escritor e sua viagem à Itália ou Suíça, onde se recolheria
com sua - ainda - secretária María Kodama. Mas nada se sabia com
certeza, nem onde estava ou o que fazia Jorge Luis Borges.
Alguns
se aventuraram a dizer que María Kodama teria tecido uma barreira
impenetrável ao seu redor, dado que, nem Fanny, sua governanta,
nem sua irmã recebiam notícias suas. Só por intermédio dos
poucos rumores jornalísticos.
Mais
tarde apareceria o que todos sabemos.
Poucos
dias depois de chegar a Genebra foi internado devido a uma
aparente pneumonia. Depois de sua morte seria revelado à opinião
pública como um câncer que afetara o escritor, já há alguns
meses.
Depois
veio seu estrondoso casamento com aquela que fora sua secretária,
María Kodama, e a partir dali os rumores cada vez mais precisos
sobre o que ocorreria no dia 14 de junho de 1986, em Genebra, a
morte de Jorge Luis Borges, que por estranha coincidência com
outros grandes, sai para morrer fora de seu pais natal, a República
Argentina.
Assim
termina, ou recomeça a história daquele que fora o mais genial
dos escritores de língua hispânica deste século. Um homem muito
(até demais) questionado, mitificado, agredido e defendido sob
todos os ângulos possíveis.
Assim
termina (ou recomeça) a história de Jorge Luis Borges.
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