Lindolf Bell


Semanário

Na segunda-feira trabalho. Afio enganos, anos e anos. Na terça-feira trabalho. Faço promessas de vagar e de pressas. Na sexta-feira trabalho. Descubro um buraco na calça. Outro buraco na alma. Liquido a traça. Na quarta-feira trabalho. Empilho o tédio em caixas. Penduro em branco nas ruas, as faixas. Na quinta-feira trabalho. Esqueço um percevejo no fundo da gaveta do desejo. Sábado trabalho. No fonema, no poema. No sonho entalado da verdade. No dilema da felicidade. No domingo sento numa praça deserta. E penso, covarde, na próxima semana escrita no livro da liberdade.


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