Assis Garrido


Vênus

Deusa, a teus pés a flor das minhas crenças, ponho! Mulher, eu te procuro, eu te amo, eu te desejo! Para a tua nudez, — a gaze do meu Sonho, Para a tua volúpia, o fogo do meu beijo. Divina e humana, impura e casta, o olhar tristonho, Cabelos soltos, corpo nu, como eu te vejo, Dás-me todo o calor dos versos que componho E enches-me de alegria a vida que pelejo. Glória a ti, que, do Amor, cantaste, aos evos, o hino, Que surgiste do mar, branca, leve, radiante, Para a herança pagã do meu sangue latino! Glória a ti, que ficaste, à alma dos homens, presa, Para a celebração rubra da carne estuante E a régia orquestração da Forma e da Beleza!

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