Arnaldo França


Testamento para o Dia Claro

Quando do fundo da noite vier o eco da última palavra submissa E a patina do tempo cobrir a moldura do herói derradeiro, Quando o fumo do último ovo de cianeto Se dissipar na atmosfera de gases rarefeitos E a chama da vela da esperança Se acender em sol na madrugada do novo dia Quando só restar na franja da memória Lapidada pelo buril dos tempos ácidos A estria da amargura inconseqüente E a palavra da boca dos profetas Não ricochetear no muro do concreto Da negrura sem fundo de um poço submerso Sejais vós ao menos infância renovada da minha vida A colher uma a uma as pétalas dispersas Da grinalda dos sonhos interditos.


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