Manuel Apolinario




A Zebra Curiosa

Uma zebra curiosa Desertou, um certo dia, Do circo onde vivia E aos montes foi parar. Lá encontrou certo burro De pelo fino e lustroso Que a olhou curioso E continuou a pastar. - Eu sou artista de circo! Disse a zebra com vaidade. - Sou menina da cidade E por todos respeitada... Toda a gente me conhece E eu conheço toda a gente. Assim vivo alegremente, Não tenho falta de nada... E tu, burro, para que serves?! Sei que não vives do vento, Mas tenho pressentimento Que nem vales tuta e meia... Disse a zebra curiosa, Talvez sem se aperceber Que estava a tentar meter O nariz na vida alheia. O burro, embora ofendido Com a zebra impertinente, respondeu-lhe, simplesmente: - Sou burro de criação! Mas despe, fazes favor, O teu pijama riscado Que eu te mostro com agrado Qual a minha profissão...


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