Álvaro Pacheco

Joseph Brodsky
                      
                 
Dust is the flesh of time
Time's very flesh and blood.

Time is part ashes, also
depending on the use of flesh
and the bones you put on it.

Really the blood of time
is just the flood
of watering eyes in happiness
when you say good-bye
to your ashes and bones.

Aqui, meu amigo, não há túmulos
só lembranças da carne
os restos do tempo
e de seu desperdício 

- um rio ancestral entre as folhagens
cinzas líquidas que não se depositam
apenas correm como línguas de fogo morto
o sangue gasto pelas lembranças
e as memórias pelas esperanças
e as inundações do tempo

- (os teus olhos fechados pela felicidade passageira
eram a despedida da juventude
como se aparecessem em tua terra
oliveiras em floração
por cima dos torrões áridos)

- há que dizer adeus para tua carne
e suas cinzas, (como aos ossos),
para o sangue do tempo, 
- a solidão das flores vermelhas no início do inverno, -
e para as lágrimas caindo
de olhos que não enxergam mais.

                                       
                                                                                 Rio, julho 91.
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  20  de  Julho  de  1998