Álvaro Pacheco

Soneto Lírico
 
                    
Escuta, ó minha amada, o tempo nunca pára
e o sorriso mais puro definha e emurchece.
Quer seja alma generosa ou seja alma avara
quer seja anjo ou demônio, seja choro ou prece

seja o dia escuro, seja a noite mais clara
quer seja o ódio que mata ou o amor que enlouquece
o destino insensato pra tudo prepara
o seu sopro fatal que aniquila e emudece.

Escuta, poi, ó amada, meu apelo enorme
acorda em tua alma teu desejo que dorme
e dissolve em meus braços teus sonhos fatais.

Vivamos com avidez o minuto que passa
amemo-nos por hoje, que tudo é fumaça
e nós dois amanhã não existiremos mais!

 
                                                               Rio, maio 55
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  02  de  Julho  de  1998