Álvaro Pacheco

Didática Sobre a Morte
 
  
Tudo o que resta, o tempo para a morte
que por isso é o espaço ancestral.

Todo o tempo que resta — e é para a morte
esse que nos falta em esperança.

E assim nos restando a morte espera
o que somos e em nós se desperdiça.

Guardamos os guardados — e a vida.
(E a morte nos toma o que guardamos.)

Privamos da alegria, em sacrifício,
o que vamos dedicar depois à morte
em nosso campo de avaros a esse tempo
subtraído depois ao desperdício
que poderia ser vida se estivéssemos
na vida mais lentos para a morte.

 
                                                    S. Paulo, 21/8/71
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  01  de  Julho  de  1998