Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Aline Gallina

aalien.soul@gmail.com

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia:

Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Aline Gallina: Nascida no dia 27 de agosto de 1983, em Florianópolis – SC, Aline Gallina é acadêmica de Artes Plásticas e de Arquitetura e Urbanismo e trabalha nas Oficinas de Arte da Fundação Catarinense de Cultura. Faz parte de seletivas realizadas pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores e da antologia Mares diversos, mar de versos, organizada pela editora Mar de Idéias. Foi selecionada no 6°. corcurso do Sinergia com dois poemas. Participou do projeto Experimentos com o poema-plaquete intitulado A conquista - entregando-se ao prazer, feito artesanalmente em 2007 nas Oficinas de Arte da FCC. Em 2008, organizou junto de Priscila Lopes a coletânia XXI Poetas de Hoje em Dia(nte), pela Editora Letras Contemporânea, com apoio do FUNCULTURAL do Estado de Santa Catarina e lançada em 2009 em Florinanópolis e São Paulo. (2009)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ruth, by Francesco Hayez

 

Mary Wollstonecraft, by John Opie, 1797

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John William Godward (British, 1861-1922), Belleza Pompeiana, detail

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

Aline Gallina,

um pequeno bloco de poemas


Sensação travestida

 

Hoje nasceu um homem bom

de barbas brancas e chapéu.

Quando feto, era quase invisível

e cresceu anos à frente do que seria normal.

Nesta tarde ele deve ter posto ao seu redor o direito

de levar os olhos às letras de sua mãe

e escolher a melhor posição

para passar algumas boas horas escrevendo.

 


 

 

Compulsão

Um socorro à minha espreita,
caneta tinteiro à minha mão
Não poderia deixar de escrever uma ou duas frases
- uma palavra talvez .
Mato o socorro ao meio.
O papel sangra por vinte segundos, eu acho
que todo o sofrimento é só meu

Guardo a cicatriz até hoje,
- ela não é minha -
mas intriga minha vontade
de enterrá-la de vez.

 


 

Ditado impopular

Quem confere o ferro está ao meu lado
louco por um deslize.
Eu escrevo torto. O correto é so-
letrar o literário para Deus meu! entender.
Continua o te-ar dos dedos perdidos ao
longo do que ficou dito.
Pega o ar do final e chuta para o início:
Ar-te que te fere (in)diretamente.

 


  

O músico tirou o chapéu

 

mágico. Este chapéu não é

 

a suposta imagem do som

 

    O som perturba agora.

 

    O som é mágico

 

       e não o chapéu

 

                          ou o homem.

 


 

 

 

 

O GESTO NÃO É PALAVRA

NEM O OBJETO

AS LETRAS NÃO SÃO ONÍRICAS.

 

A SEQUÊNCIA DE LETRAS FAZ O CONSCIENTE

PALAVRA É O PENSAMENTO.

 


 

 

 

 

Montanha de Sainte-Victoire

 

 

ele teve uma percepção

 

abstraiu as idéias surradas

 

entendeu a natureza

que não era tão reta assim

ou tão certa

teve, na realidade,

algumas percepções

todas elas havia de levar a sério

e passar os dias olhando

para o mesmo sentido

sentindo o verde nos pés

talvez mais nos olhos

 

sim, as cores eram outras

e mudavam constantemente

 

o vento dançava as folhas

e o céu

dançavam ele e a cena

 

pulsa por dentro

- Como você é? Me responda...

- Que tons são esses?

 

as curvas são outras

conforme as horas passam

e no dia que vem novamente

essas variações são quase obsessivas

e o fluxo é a existência do tempo

 

tinha muitas percepções

colocou todas elas

por todos os dias

num cantinho

e gemeu até o fim