Cláudio Alex

Para Ana

Conta-me o que houve... Explica-me o cenário... Onde você anda? Como é que foi? Sim, deve estar tudo escrito. Devias ter um livro preto de anotações com este meu. É verdade, o infinito e violeta? Como um mergulho direto ao espírito que te tragou e levou para longe e nos deixou sem palavras. Não gosto demais do concreto. Não saberia fazê-lo na tua acidez sulfúrea, teus dentes, teus óculos escuros. E os dedos... o calo da escrita. A caibra de horas insones, redigindo textos diretos, sem retoques, sem gavetas, sem embalagem, diretos, secos e sulfúreos. Deixa-me escrever um epitáfio, não morto, nem eterno. Um epitáfio mudo, uma lembrança apenas, apenas aquilo de lembrar. Apenas aquilo de lembrar e que sempre me lembre, para a minha vida e morte, fora das espécies comuns, e ao mesmo tempo com tudo, como o ar que expande, como a água que adapta. E toda a umidade de ambos... E toda a melancolia de ambos... Ana Cristina César.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *