Afonso de Freitas 

A Pílula
 
O beija-flor  
viu no jardim um vidro 
(não estava escondido) 
no meio de seixos pequeninos. 
Curioso, 
bicou o gosto de resina 
e nunca mais nasceram flores. 

Voou na direção do "i" 
(seixo sem "i" não é pedra, é pílula 
ou arroto aos conceitos e brocadas usinas) 
sem fermentar ônus 
nos geométricos debruns, 
mas o bônus libertário 
da ansiedade antiga. 

A noite incendiou-se 
iluminando a busca espasmódica 
na forma nunca obsoleta. 
E agora, 
se a osmótica substância manchou o tapete 
com a multidão suicida, 
é simples conflito interior 
(morte cinza ou quase branca 
da geleia de vidas)  
no campo que temia o beija-flor.

 
Remetente: Chico Poeta

[ ÍNDICE DO POETA ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  24 de novembro de 1997