Afonso de Freitas 

Dolorida Estrada
 
Criança velha o meu velho amigo, 
testosterônico e a abotoar dietas, 
reflete pânico no andar nervoso 
vendo-se novo na embalagem antiga 
atrás de abrigo nas emoções que restam. 

A moldura, outrora, era-lhe um colosso, 
fogoso amante entre juras eternas, 
político audaz crepitando chamas 
na messe de palmas e das promessas. 

Final amargo... 
em lerdas tarefas ao fruto maduro 
na dorida estrada dos seus táteis calos, 
tremem-lhe as pernas, a voz se amofina 
e do palanque mudo 
não vê mais os decotes de ousados atalhos 
com as emoções em chucro galope 
e nada se anima  
na passarela de iluminadas épocas. 
O riso corta-se, permanece o hábito 
no vácuo ou paraíso das reações quietas.

 
Remetente: Chico Poeta

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  24 de novembro de 1997