Adolfo Casais Monteiro

Aço

Quebre-se de encontro à dureza das arestas cada desregrada ilusão da minha vida. Que os bichos vão roendo o vão caruncho da inútil poeira de astros que imagino. Que — sei-o bem! — lá no mais fundo, forte e imarcescível sob os golpes resiste a minha força verdadeira. E o poema sempre novo no meu sangue conhece também sua glória de aço que vê sem dor as pobres farsas e os caminhos cruéis em que me perco. Veio da luz inutilizando os laços armados no caminho à minha espera, mão de ferro erguendo-se dos limbos e mandando-me fitar o sol em face!


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