Alberto da Costa e Silva

Soneto a Vera
 
 
Estavas sempre aqui, nesta paisagem.
E nela permaneces, neste assombro
do tempo que só é o que já fomos,
um céu parado sobre o mar do instante.

Vives subitamente em despedida,
calma de sonhos, simples visitante
daquilo que te cerca e do que fica
imóvel no que é breve, pouco e humano.

As regatas ao sol vêm da penumbra
onde abria as janelas. E de então,
vou ao campo de trevo, à tua espera.  

O que passa persiste no que tenho:
a roupa no estendal, o muro, os pombos,
 tudo é eterno quando nós o vemos.

 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  28  de  Agosto  de  1998