Aramis Ribeiro Costa  

Ao Cadáver Desconhecido 
 
                                                                                   
Depositado sobre a lage fria 

Álgido, exangue, rijo e dissecado 

Guardas, no corpo teu, formolizado 
Exaustivas lições de Anatomia.
 

Teus órgãos, veias, músculos que, um dia

Foram teu corpo vivo e respeitado

São peças de um cadáver retalhado
De alguém que mais ninguém conheceria.
 

Devias ter, no entanto, um monumento
Um dia consagrado, um pensamento
Do mundo contristado e agradecido.
 

Homem, mulher, criança, não importa!
Salvando vidas, tua carne morta
Revive, ó imortal desconhecido.

                                                       

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Página  editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  26  de Fevereiro de 1998