Eduardo Alves




Boi de Piranha

Este é o verso primeiro A adentrar no rio d’alma E ao certo ser digerido Por mil emoções famintas Abrindo as comportas do pranto Ou os mil e um sóis de sonho Ou até mesmo se danando por completo Na areia movediça de alguma amargura. Este é o verso-janeiro Que há de iniciar um ciclo Caminho do meu futuro Detentor de outras sêdes Que só beberão mais tarde Mas que já despachei, revoltas Às páginas do meu depois. Quero ver em que momento Vais me mandar aos infernos Ou em que outro momento Poderás me acalentar Minha alma publicada Mapeada, estampada Diante dos olhos teus Só pede misericórdia. Não mate-me sem ler-me inteiro, Nem ame-me neste momento Espere-me suar a febre Que me acometeu agora E ao fim desse meu delírio, Eu, despido de qualquer brilho Acerte-me um dardo mortal Ou plante-me no seu jardim.


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