P R O J E T O   E D I T O R I A L   B A N D A   L U S Ó F O N A

 

 

J O R N A L   D E   P O E S I A   |   F O R T A L E Z A l C E A R Á l B R A S I L
COORDENAÇÃO EDITORIAL   |   SOARES FEITOSA | FLORIANO MARTINS
2000-2010
 

 

 

 

BANDA LUSÓFONA | MOÇAMBIQUE

Tânia Tomé | (1981)

CURRÍCULO

Aos 7 anos, ganhou o prémio de melhor voz no Concurso de Música organizado pela Who (World Health Organization) em Moçambique.

Aos 13 anos, participou do seu primeiro Sarau de Poesia, onde cantou, declamou, e tocou ao piano, poemas do Poeta José Craveirinha, onde ele próprio esteve presente, assim que Tânia teve o privilégio de conhecê-lo pessoalmente.

Com 17 anos, entra para a Universidade Católica Portuguesa (Porto, Portugal), no curso de Economia.

Em 2002, adere ao Movimento Humanista liderado por Silo, e faz algumas actuações em Portugal para angariar fundos para as crianças desfavorecidas de Moçambique.

Em 2003, acaba o curso de Economia, e ganha o Prémio de Mérito da Fundação Mário Soares de Portugal pelo bom desempenho académico e por conciliar os estudos com actividades artísticos-sociais.

Em 2004, é co-autora da Antologia Um Abraço Quente da Lusofonia, juntamente com outros jovens poetas representantes de cada país da CPLP. O lançamento é feito no mesmo ano em Portugal. Neste mesmo ano, faz parte do CD intitulado Encontro (Iniciativa dos Leigos da Boa Nova), cuja totalidade dos lucros se destina a apoiar os projectos em favor das crianças e jovens de Angola e Moçambique. Em seguida regressa a Moçambique, e contribui para diversos movimentos artísticos e culturais, a destacar Movimento 100 crítica, Clave de Soul, Amigos do Livro, entre outros. Faz-se então Membro da Associação dos Escritores Moçambicanos, da Associação dos Músicos Moçambicanos e dos Poetas del Mundo.

Em 2005, faz parte do CD MozBeat, com uma música da sua autoria intitulada “Pétalas”.

Em 2006, produz e apresenta, ao lado Júlio Silva (músico, produtor e investigador cultural), um programa cultural na Televisão de Moçambique (TVM) que, entre outras coisas, tinha Alertas de Prevenção contra Sida e Malária, e enfoque nos problemas sociais.

Em 2008, realiza e produz o espectáculo “Poesia em Moçambique”, em Tributo ao José Craveirinha, onde todas as artes interagem para tornar vivo o poema. Introduz o conceito de Showesia (neologismo criado por Tânia) em Moçambique, o conceito de que se faz espectáculo de poesia, com uma banda de poesia, onde Tânia canta e recita poemas, havendo teatro da poesia, dança da poesia, entre outros.

Em 2009, lança o primeiro e único DVD de poesia em Moçambique, com base no espectáculo de poesia ao vivo em Tributo ao Poeta José Craverinha. Em seguida, lança oficialmente o website www.showesia.com, e faz parte do Poetry África em Maputo, representando Moçambique, repetindo atuação e representação no Festival Internacional Poetry África na África do Sul.

Em 2010 lança seu primeiro livro de poemas, Agarra-me o sol por trás, com prefácio e ensaio fotográfico de Floriano Martins.

EM DEFESA DA POESIA

1. Quais são as tuas afinidades estéticas com outros poetas de língua portuguesa?

 

TÂNIA TOMÉ É difícil responder a uma questão como esta, considerando que existem muitas influências inconscientes, na forma como escrevo e principalmente na forma como penso e respiro o mundo. E essas influências ou afinidades não são apenas de escritores, mas de músicos, pintores, artistas, segundo concluo, e até de pessoas comuns. Afinal sou-me completamente de sensações, o toque, os cheiros, a visão, tudo influencia nesta tarefa amorosa e árdua de escrever.

Não obstante, alguns autores atravessaram-me neste rio de beber coisas e pensamentos. Nem todos eles foram ou são escritores, porém farei referência a alguns poetas de língua portuguesa que me ensinaram neste caminho de “learning by doing” a escrever num caminho inesgotável de busca incessante pela aprendizagem e conhecimento. São eles o José Craveirinha, Noémia de Sousa, Fernando Pessoa, Alexandre O’Neill, Herberto Helder, Rui Knopfly, Mário Quintana, Manuel de Barros, Luis Carlos Patraquim, Glória de Santa Anna, Eduardo White, Carlos Drummond de Andrade e Paulo Leminski.

Confesso que José Craveirinha foi a minha primeira paixão e contacto amoroso, porque foi o primeiro poeta que bebi e me fascinou, e com o qual estabeleci uma relação longa e intensa, pois foi aos 13 anos quando realizei o meu primeiro sarau de poesia, onde eu era precisamente o personagem José Craveirinha.

Herberto Helder é o meu segundo amor e ainda me encontro apaixonada por ele, um amor louco e violento, completamente feliz nas palavras e nos versos. Na verdade, aprendi com ele a bater nos versos até que eles sorrissem para mim. Aprendi que me podia libertar com loucura, mas depois precisava lapidá-los, matá-los um pouco, para que pudessem, os versos, viver com mais brilho.

 

2. Quais são as contribuições essenciais que existem na poesia que se faz em teu país que deveriam ter repercussão ou reconhecimento internacional?

 

TÂNIA TOMÉ Outra pergunta difícil, apetecia-me responder com Sócrates: “Eu só sei que nada sei”. Mas no caminho do nihil há muito por dizer, e eu sei tão pouco. Penso que a poesia, a literatura em geral, contribui não só para salvaguardarmos os valores culturais de um país, mas também a sua história. Não temos ainda muitos poetas publicados, mas sem dúvida que os que já existem, publicados e com reconhecimento nacional, deviam ser mais divulgados internacionalmente, porque através de seus textos tornam Moçambique mais vivo, e ao mesmo tempo mais imortal. Lembro-me agora, por exemplo, que muitos poetas escreveram a Ilha de Moçambique, Patraquim, Knopfly, só para citar poucos exemplos, e realmente aquele é um patrimônio valioso, uma verdadeira porta não apenas dos “Descobrimentos”, mas do próprio Renascimento e Eternidade. Lembro-me igualmente de Craveirinha e Noémia que correm nos seus versos Moçambique inteiro contemplando a beleza tão diferente, mas igual do que nos une.

 

3. O que impede uma existência de relações mais estreitas entre os diversos países de língua portuguesa?

 

TÂNIA TOMÉ Penso que nada impede a existência de relações mais estreitas entre os países de língua e expressão portuguesa, não obstante existem, no entanto, muitos factores que dificultam essa comunicação e interacção. Muitos factores e em vários níveis, desde a inexistência de uma política comum em todos os países, que permita criar meios econômicos, e uma plataforma cultural, para criar fóruns, workshops, eventos culturais, onde cada país fale pela voz (palavras) dos seus poetas. Para além disto, esta relação pode ser incrementada com uma relação indirecta que é a troca de livros pelos países, facilitando a acessibilidade dos livros a cada país de todos os poetas de língua e expressão portuguesa.

POEMAS

MEU MOÇAMBIQUE

 

 

Minha África suburbana.

Eu sei-me Moçambique,

cisterna no pecúlio dos deuses.

Um Zambeze inteiro escala a língua

escorre-me pelas pernas

ramifica nos canhoneiros,

laça os peixes inquietos nas sementes

engolfa-se nos mpipis bêbados nas timbilas.

Eu sei-me Moçambique,

no cume das árvores, na sede incontinente

da minha falange, do Rovuma ao Incomati,

no xigubo terrestre dos pés descalços

e em todos os tambores que surdem

das mãos coloridas nos braços em chaga.

 

 

 

UM PIANO, MINHA LOUCURA E EU

 

 

Um piano

cogita no silêncio das noites,

arrepia em notas soltas

a desenfreada falésia do desejo.

Ah, estares-me ausente!

Reverbera o saxofone, o teu,

e eu galgando o tempo na lua,

ah amor, cruzo savanas, trópicos e desertos.

E tu comigo, cá dentro, lá fora

amando-me na medida do ritmo

de um jazz cálido e frenético.

Abraço do Índico, o piano

atravessa as fronteiras que nos distam,

recria o sopro do teu sax

no meu corpo.

A boca, as mãos, os teus dentes

no meu lóbulo, o piano

é todo o futuro por vir,

uma pintura quieta como um pomo,

o pêssego que adoça

o som que há no silêncio:

 

 

 

POESIA TU ÉS O MEU CANTO

 

 

Tu és o meu cisne

no urgir das asas.

És o meu ângulo saliente

lírio no tanto que falta

por a vida não ser o bastante.

Poesia,

de pétala em pétala

de silêncio,

canto-te.

 

O Projeto Editorial Banda Lusófona foi criado em janeiro de 2010, como complemento ao Projeto Editorial Banda Hispânica. Assim o Jornal de Poesia integra em sua plenitude a poesia de línguas portuguesa e espanhola. Aqui registraremos criação e reflexão, reunindo autores de distintas gerações e tendências, inclusive inéditos em termos de mercado editorial impresso. Aqueles poetas que desejem participar devem remeter à coordenação geral seus dados bibliográficos, seleção de 10 poemas e resposta ao seguinte questionário:

     1. Quais são as tuas afinidades estéticas com outros poetas de língua portuguesa?
    2. Quais são as contribuições essenciais que existem na poesia que se faz em teu país que deveriam ter repercussão ou reconhecimento internacional?
     3. O que impede uma existência de relações mais estreitas entre os diversos países de língua portuguesa?

Todo este material deve ser encaminhado em um único arquivo em formato word, para o seguinte e-mail: agulha.floriano@gmail.com. Agradecemos também o envio de uma fotografia (jpg), assim como de textos críticos, livros de poesia e material jornalístico sobre o mesmo tema. O Projeto Editorial Banda Lusófona é uma fonte de informações que reflete, sobretudo, a ampla generosidade de todos aqueles que dele participam. O acesso a cada país deve ser feito através do selo correspondente.

 
JORNAL DE POESIA ACERVO GERAL BANDA LUSÓFONA EDIÇÕES CURURU

 

Jornal de Poesia (Brasil)

 

La Otra (México)

 

Matérika (Costa Rica)

 

Blanco Móvil (México)

 

Revista TriploV de Artes, Religiões e Ciências (Portugal, Brasil)

 

Agulha - Revista de Cultura (Brasil)

 

 
Ficha Técnica

Projeto Editorial Banda Lusófona
Janeiro de 2010 | Fortaleza, Ceará - Brasil
Coordenação geral & concepção gráfica: Floriano Martins.
Direção geral do Jornal de Poesia: Soares Feitosa.
Projetos associados: Revista La Otra (México) | Ediciones Andrómeda (Costa Rica) | Revista Blanco Móvil (México) | Triplov (Portugal).
Cumplicidade expressa: Alfonso Peña, Eduardo Mosches, Gladys Mendía, José Ángel Leyva, Maria Estela Guedes, Soares Feitosa e Socorro Nunes.
Contatos:
Floriano Martins bandahispanica@gmail.com | floriano.agulha@gmail.com.
Soares Feitosa: soaresfeitosa@secrel.com.br | soaresfeitosa@uol.com.br.
Agradecemos a todos pela presença diversa e ampla difusão.