P R O J E T O   E D I T O R I A L   B A N D A   L U S Ó F O N A

 

 

J O R N A L   D E   P O E S I A   |   F O R T A L E Z A l C E A R Á l B R A S I L
COORDENAÇÃO EDITORIAL   |   SOARES FEITOSA | FLORIANO MARTINS
2000-2010
 

 

 

 

BANDA LUSÓFONA | PORTUGAL

Eduardo Guerra Carneiro | (1942-2004)

Eduardo Guerra Carneiro: da janela à rua

Nicolau Saião

A notícia tinha a chancela da Agência Lusa e eu li-a entre o pasmo e a tristeza: aparecera morto, junto de sua casa no Bairro Alto, o poeta (e jornalista) Eduardo Guerra Carneiro, autor de diversos interessantes livros como sejam “É assim que se faz a História” e “Isto anda tudo ligado”. De acordo com a agência noticiosa, tudo leva a crer que teria caído da janela de sua casa, num desses acidentes em que a geografia humana de Lisboa é fértil. Chamado a comentar o acidente, se é que de um simples acidente se tratou, Baptista Bastos referiu sem meias tintas: “Foi o país que o matou. Este país que trata tão mal os poetas e os prosadores” e que permite acrescento eu que existam muitas situações de grandes dificuldades no sector dos trabalhadores do espírito: intelectuais, jornalistas, etc., enquanto certos senhores engordam cada vez mais seus pecúlios mediante habilidosas e ágeis estratégias.

Não tenho mais elementos para aquilatar desta morte infausta aos 61 anos. Mas senti um arrepio no corpo e na alma. Ademais, há muito tempo que o nome do ilustre autor de “O revólver do repórter” não me ocorria nas voltas do pensamento.

Nos meus tempos de tertúlias pelos mentideros da capital, via-o por vezes de raspão: aos serões do Café Monte Carlo ou junto aos locais das redacções de jornais, lá pela Rua da Rosa ou perto da “Barateira” que eu muito frequentava. Sabia-o autor de textos poéticos acutilantes, roçando o surrealismo e o neo-romantismo. E era tudo. Lera-lhe depois os versos, ao calhar dos minutos, já na província onde me recolhera por mor da vida vidinha de profissionalismos para granjear o pão da boca – distantes que iam indo já os meus tempos de aventura boémia quanto baste nos rincões lisboetas onde os poetas ombreavam alta noite com actores de teatro (e actrizes), gente dos jornais, cantores e pintores, uns em busca do sonho que os salvasse ou os perdesse, outros por mesteres mais pedagógicos: a escrita, a edição, a encenação, a maravilha dos tempos dispersos em revoadas de imaginação partilhada.

Não sei porquê, vieram-me à memória nomes de outros mortos antes de tempo: Gonçalo Duarte, João Rodrigues, António Maria Lisboa. Gente que na pintura e na escrita deixou seu nome assinalado e que se foi prematuramente, vividos que tinham sido os tempos fugazes como as rosas de Malherbe.

É de todos conhecido que, em geral, este país trata mal os seus artistas, os seus homens de espírito – salvas as naturais e reduzidas excepções. Enquanto bastas vezes perde tempo a contemplar políticos e pensadores de três ao vintém com uma lábia do tamanho da légua da Póvoa, deixando-se ir frequentemente nos seus tentames de velejadores de ruins escunas. Será por isso que ao pé da Europa (a tenaz e caballerosa Espanha, a sagaz França, a operosa Inglaterra, etc.) fazemos um tão diminuto relevo?

Bem vistas as coisas e meditadas com certo cuidado, o poeta agora falecido tinha razão: é que isto de facto anda tudo ligado e, infelizmente, também é assim que se faz a história – a história de um país e de uma sociedade ainda às três pancadas

 

 

O Projeto Editorial Banda Lusófona foi criado em janeiro de 2010, como complemento ao Projeto Editorial Banda Hispânica. Assim o Jornal de Poesia integra em sua plenitude a poesia de línguas portuguesa e espanhola. Aqui registraremos criação e reflexão, reunindo autores de distintas gerações e tendências, inclusive inéditos em termos de mercado editorial impresso. Aqueles poetas que desejem participar devem remeter à coordenação geral seus dados bibliográficos, seleção de 10 poemas e resposta ao seguinte questionário:

1. Quais são as tuas afinidades estéticas com outros poetas de língua portuguesa?
2. Quais são as contribuições essenciais que existem na poesia que se faz em teu país que deveriam ter repercussão ou reconhecimento internacional?
3. O que impede uma existência de relações mais estreitas entre os diversos países de língua portuguesa?

Todo este material deve ser encaminhado em um único arquivo em formato word, para o seguinte e-mail: agulha.floriano@gmail.com. Agradecemos também o envio de uma fotografia (jpg), assim como de textos críticos, livros de poesia e material jornalístico sobre o mesmo tema. O Projeto Editorial Banda Lusófona é uma fonte de informações que reflete, sobretudo, a ampla generosidade de todos aqueles que dele participam. O acesso a cada país deve ser feito através do selo correspondente.

 
JORNAL DE POESIA ACERVO GERAL BANDA LUSÓFONA EDIÇÕES CURURU

 

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La Otra (México)

 

Matérika (Costa Rica)

 

Blanco Móvil (México)

 

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Ficha Técnica

Projeto Editorial Banda Lusófona
Janeiro de 2010 | Fortaleza, Ceará - Brasil
Coordenação geral & concepção gráfica: Floriano Martins.
Direção geral do Jornal de Poesia: Soares Feitosa.
Projetos associados: Revista La Otra (México) | Ediciones Andrómeda (Costa Rica) | Revista Blanco Móvil (México) | Triplov (Portugal).
Cumplicidade expressa: Alfonso Peña, Eduardo Mosches, Gladys Mendía, José Ángel Leyva, Maria Estela Guedes, Soares Feitosa e Socorro Nunes.
Contatos:
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Soares Feitosa: soaresfeitosa@secrel.com.br | soaresfeitosa@uol.com.br.
Agradecemos a todos pela presença diversa e ampla difusão.