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2000-2010
 

 

 

BANDA LUSÓFONA | BRASIL

Dante Milano | (1899-1991)

Milano o outro Dante

Floriano Martins

Dante Milano pertence àquela plêiade de poetas cuja existência os brasileiros raramente recordam, embora ali encontremos algumas das mais importantes de nossas vozes poéticas. Refiro-me a nomes como Emílio Moura, Augusto Meyer, Henriqueta Lisboa e Joaquim Cardozo. Uma reduzida bibliografia não corresponde à grandeza de sua poesia, embora tenha contado com a lucidez crítica de Franklin de Oliveira, Sérgio Buarque de Hollanda e Otto Maria Carpeaux entre seus comentaristas. Autor de uma poesia reflexiva, que se punha em estado de diálogo com tudo o que abordasse, chamou para si pouca reflexão no que se refere aos estudos críticos a seu respeito.

Juntamente com Manuel Bandeira, Dante Milano (1899-1991) não adere formalmente ao Modernismo de 1922. E há nisto uma razão essencial: a modernidade de ambos era anterior e já encontrava-se bem fundada. Aliás, o caso de Dante Milano deve irritar aqueles que julgam a rima como um recurso redutor da linguagem poética, uma vez que tal recurso esteve presente em toda sua poesia, mesmo nos últimos momentos. A verdade é que a consciência poética supera qualquer submissão a modismos ou preconceitos de turno. E a breve, porém intensa e reveladora, obra poética de Milano nos ensina, entre outras tantas coisas, exatamente isto.

Autor de um único livro, Poesia (1948), editado contra sua vontade, e que seguiu sendo ampliado a cada reedição, deixou como inesquecíveis duas outras aventuras: a tradução de alguns cantos do “Inferno”, da Divina Comédia, e uma conferência sobre Leopardi. Em 1979, Virgílio Costa preparou para a Civilização Brasileira uma edição abrangente de seus textos em prosa e verso. Ali encontramos também suas traduções de vários poemas de Baudelaire e a prosa publicada na imprensa carioca. Seu nome, na verdade, só não passou por inteiro despercebido graças a uma entrevista de Carlos Drummond, em 1987, onde questiona a popularidade como elemento definidor da qualidade de uma obra artística. A entrevista situa Milano entre os melhores poetas brasileiros.

Já em 1980, o poeta Ivan Junqueira expressava a mesma opinião na crítica carioca, situando Milano, ao lado de Drummond, Cecília Meireles, João Cabral e Jorge de Lima, entre “os maiores poetas brasileiros do presente século”. Claro que não teve a mesma repercussão da declaração de Drummond, porém nos mostra a atenção que uma voz tão lúcida quanto a de Junqueira mantinha em relação à poesia brasileira. E faço aqui esta menção unicamente em face da publicação da coletânea Melhores Poemas. Dante (1998), cuja seleção e prefácio vêm assinados justamente por Ivan Junqueira.

Esta antologia, que reúne pouco mais de setenta poemas de Dante Milano, traz consigo dois aspectos importantes. Em primeiro plano, uma nova difusão da obra deste importante poeta brasileiro. Aliada a isto a presença de um largo estudo introdutório, que mergulha como em nenhum outro momento nos aspectos mais pertinentes e reveladores da poética de Milano. São mais de trinta páginas de observações críticas onde se menciona tanto a defesa de uma poesia reflexiva quanto aquela multiplicidade um tanto controversa dos recursos de linguagem utilizados por este excepcional poeta.

Como disse, Ivan Junqueira sempre manteve estreito vínculo com a poesia de Dante Milano. Não somente movido por um exercício ensaístico, mas antes por afinidades poéticas. Em entrevista que lhe fiz para meu livro Escritura Conquistada (1998), disse-me: “Se poetas como Bandeira, Drummond ou Dante Milano são os mais altos de nossa literatura, cabe dizer aqui que só ostentam essa condição porque, à parte seu talento pessoal, foram poeticamente os mais cultos. A propósito, não sei de nenhum grande poeta de qualquer língua que não fosse poeticamente culto, ou seja, que não conhecesse a fundo seu ofício e os segredos de seu idioma.” E conhecimento do ofício não entra em choque com inspiração. O poeta tanto é tomado por forças como é o “tomador” de forças.

Dante Milano buscou tornar a vida um poema. Não por um artifício, uma forma fria de convencimento, mas antes por uma identificação intensa entre existência e consciência. Buscou tornar a vida, tanto quanto o poema, necessária. Tinha um profundo respeito pelo sentimento de essencialidade das coisas, do momento preciso e inadiável das coisas se revelarem. E descria tanto da imortalidade quanto da importância humana depois da morte. E disse isto com todos os seus versos.

 

 

O Projeto Editorial Banda Lusófona foi criado em janeiro de 2010, como complemento ao Projeto Editorial Banda Hispânica. Assim o Jornal de Poesia integra em sua plenitude a poesia de línguas portuguesa e espanhola. Aqui registraremos criação e reflexão, reunindo autores de distintas gerações e tendências, inclusive inéditos em termos de mercado editorial impresso. Aqueles poetas que desejem participar devem remeter à coordenação geral seus dados bibliográficos, seleção de 10 poemas e resposta ao seguinte questionário:

1. Quais são as tuas afinidades estéticas com outros poetas de língua portuguesa?
2. Quais são as contribuições essenciais que existem na poesia que se faz em teu país que deveriam ter repercussão ou reconhecimento internacional?
3. O que impede uma existência de relações mais estreitas entre os diversos países de língua portuguesa?

Todo este material deve ser encaminhado em um único arquivo em formato word, para o seguinte e-mail: agulha.floriano@gmail.com. Agradecemos também o envio de uma fotografia (jpg), assim como de textos críticos, livros de poesia e material jornalístico sobre o mesmo tema. O Projeto Editorial Banda Lusófona é uma fonte de informações que reflete, sobretudo, a ampla generosidade de todos aqueles que dele participam. O acesso a cada país deve ser feito através do selo correspondente.

 
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Cumplicidade expressa: Alfonso Peña, Camilo Prado, Eduardo Mosches, Gladys Mendía, José Ángel Leyva, Soares Feitosa e Socorro Nunes.
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