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2000-2010
 

 

 

 

BANDA LUSÓFONA | PORTUGAL

Cristovam Pavia | (1933-1968)

Sobre Cristovam Pavia

Nicolau Saião

Fez no fim do ano transacto 40 anos que o Poeta faleceu. Recordado foi-o por alguns, os que sem dúvida amam a sua poesia luminosa e perturbadora na sua quase ática simplicidade tão cheia de uma vivíssima interpelação ao mundo, às coisas, aos pequenos fragmentos de uma existência cifrada em amarguras e ocasionais alegrias de alguém que, tal como seu Pai Francisco Bugalho, não viveu tudo quanto quis ou quanto merecia.

Mas, no geral do que se convencionou chamar mundo das letras, não houve – porque não podia haver num areópago de escada-abaixo como é o que nos rodeia – conveniente celebração. O que é compreensível, pois os Poetas também vêem medida a sua grandeza, frequentemente, menos pelo ruído que pelo silêncio e a sua melhor honra está precisamente nisso. O mesmo se fez, em diferentes lugares, com Bruno Schulz, com Hans Carossa, com Nuno Guimarães, uma vez que as mundanidades literatas se dão mal e ainda bem com os que só têm de seu o alto talento tão alheio a notoriedades de baixo calibre festejadas pela pedantice literata de determinados milieus societários.

***

Dizia o célebre inquisidor-mor de Richelieu, com um cinismo não isento de senso de humor, “Dai-me uma frase qualquer e conseguirei que ela ponha um baraço ao pescoço do seu autor”. E embora se trate aqui de poesia e de um poeta, talvez faça sentido suspender a respiração por uns segundos.

Porque, com efeito, a poesia é um perigoso ofício. E se não pelas partes de fora, pelo menos pelas partes de dentro.

Será verdade que os poetas são sobreviventes? Talvez sejam -  sobreviventes do tal lugar onde se acoita a verdadeira vida a que aludia, entre outros, o sobrevivente de Charleville (Rimbaud). A poesia será também, assim, uma certa arte das retiradas, a forma mais pessoal de combater a adversidade.

Quem diz pessoal diz eficaz. Eficaz, na verdade, porque nisto de coisas de dentro temos de nos haver com presenças muito mais perigosas que os habituais fantasmas do quotidiano. Daí que, por vezes, como (não) queria Cristovam Pavia, só possa haver “saída pelo fundo”. Pelo fundo, pelo meio, por cima, em suma e afinal: pelo lugar onde, no encalço de Flamel, “os touros encantados que deitam fumo e fogo pelas narinas” encontram finalmente a brancura da verdade perseguida.

De Cristovam sei muito pouco. Quer dizer, talvez saiba alguma coisa ou relativamente muito – porque vou a ele inteiramente pelo coração. Como fascinado leitor, primeiro, de uns raros poemas inseridos numa pequena antologia algo precária e, depois, dum livro muito pundonorosamente feito, com os seus poemas completos - publicados, esparsos e inéditos – que li inteirinho num pedaço de tarde de verão, sentado sob uma das nogueiras citadinas em frente do edifício barroco do antigo Hospital da Misericórdia portalegrense.

Cristovam falava (fala) de pequenas coisas, o que é indício de que o fazia de grandes coisas: da morte do seu cão, da luz difusa batendo na parede da casa da velha quinta alentejana dos ancestros, da recordação que sua mãe teria na noite do seu hipotético e afinal sucedido funeral. Coisas assim leves para quem julga que o poeta é uma espécie de artilharia pesada.

E porque o tom em que o fazia é dos mais belos (e estou a lembrar-me da emoção em Rilke, em Hesse, mas também em Marie-Noel), há-de encontrar sempre quem através dele possa olhar as tardes de negrume e, simultaneamente, de inteira claridade onde se vão reflectindo ora um rosto, ora um ombro, ora uma mão escapando ao nevoeiro…

 

 

O Projeto Editorial Banda Lusófona foi criado em janeiro de 2010, como complemento ao Projeto Editorial Banda Hispânica. Assim o Jornal de Poesia integra em sua plenitude a poesia de línguas portuguesa e espanhola. Aqui registraremos criação e reflexão, reunindo autores de distintas gerações e tendências, inclusive inéditos em termos de mercado editorial impresso. Aqueles poetas que desejem participar devem remeter à coordenação geral seus dados bibliográficos, seleção de 10 poemas e resposta ao seguinte questionário:

1. Quais são as tuas afinidades estéticas com outros poetas de língua portuguesa?
2. Quais são as contribuições essenciais que existem na poesia que se faz em teu país que deveriam ter repercussão ou reconhecimento internacional?
3. O que impede uma existência de relações mais estreitas entre os diversos países de língua portuguesa?

Todo este material deve ser encaminhado em um único arquivo em formato word, para o seguinte e-mail: agulha.floriano@gmail.com. Agradecemos também o envio de uma fotografia (jpg), assim como de textos críticos, livros de poesia e material jornalístico sobre o mesmo tema. O Projeto Editorial Banda Lusófona é uma fonte de informações que reflete, sobretudo, a ampla generosidade de todos aqueles que dele participam. O acesso a cada país deve ser feito através do selo correspondente.

 
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