Sidney Miller
A Estrada e Violeiro
					Violeiro: 	Sou um violeiro caminhando só
					   		Por uma estrada caminhando só
					Estrada:: 	Sou uma estrada procurando só
					   	        levar meu povo prá cidade e só
					Violeiro:	Parece um cordão sem ponta
							Pelo chão desenrolado
							Rasgando tudo o que encontra
							A terra de lado a lado
							Estrada de sul a norte
							Eu que passo, penso e peço
							Notícias de toda sorte
							De dias que eu não alcanço
							De noites que eu desconheço
							De amor, vida ou de morte
					Estrada:	Eu que já corri o mundo
							cavalgando a terra nua
							tenho o peito mais profundo
							e a visão maior que a tua
							Tanta coisa tenho visto
							Nos lugares onde passo
							Mas cantando agora insisto
							No aviso que ora faço
							Não existe um só compasso
							Prá cantar o que eu assisto.
					Violeiro:	Trago comigo uma viola só
							para dizer uma palavra só
							Para cantar o meu caminho só
							Porque sozinho vou a pé e pó
					Estrada:	Guarde sempre na lembrança
							que esta estrada não é sua
							Sua vista pouco alcança
							mas a terra continua
							Segue em frente violeiro
							Que eu te dou a garantia
							De que alguém passou primeiro
							A procura da alegria
							Pois quem anda noite e dia
							Sempre encontra um companheiro
					Violeiro:	Minha estrada meu caminho
							Me responde num repente
							Se eu aqui nào vou sozinho
							Quem vai lá na minha frente.
					Estrada:	Tanta gente tào ligeiro
							Que eu até perdi a conta	
							Mas lhe afirmo, violeiro
							Fora a dor, que dor não conta
							Fora a morte quando encontra
							Vai na frente um povo inteiro
					Estrada:	Sou uma estrada procurando só
							Levar meu povo prá cidade só
							Se meu destino é ter um rumo só
							Choro em meu canto é pau, é pedra, é pó
					Violeiro:	Se este rumo assim foi feito
							Sem aprumo sem destino
							Saio fora deste leito, 
							Desafio e desatino.
							Mudo a sorte do meu canto
							Mudo o norte desta estrada
							Que em meu povo não há santo
							Não há força e não há forte
							Não há  morte nào há nada
							Que me faça sofrer tanto
					Estrada:	Vai violeiro, 
							me leva prá outro lugar
							Que eu também quero 
							um dia poder levar
							Toda a gente, que virá
							Caminhando e procurando
							Na certeza de encontrar
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